
Por outro lado, os homens passaram a destronar as antigas garotas propagandas e se tornaram objetos sexuais na publicidade; e a inovação deu seus primeiros passos com o surgimento e consolidação da internet, que não mostrava ainda seu potencial como estratégia de marketing e comunicação ou chamava atenção dos profissionais da época. Sem perceber, um admirável mundo novo estava chegando de mancinho e iria transformar o setor mais ou menos para o que conhecemos.
Protagonismo do homem – Seguindo a tendência da exploração da imagem masculina, a , Mappin transformou em garoto propaganda o ator Victor Fasanoque, naquela década, estrelava a novela global Barriga de Aluguel como o personagem Zeca para anunciar seu festival de moda íntima. O galã, que teve uma movimentada trajetória na televisão ao longo dos anos 90 (De Corpo e Alma, Tropicaliente, Cara e Coroa, Salsa e Merengue e Torre de Babel, por exemplo). emprestou todo o seu charme para rede de lojas de departamentos, anunciando ofertas de lingerie como “apresentador” em um belo desfile com o mote “Não é irresistível, mas é até sábado”.
Assim, o homem ocupa definitivamente um novo papel e com muita propriedade neste caso, em particular. Neste período, o ator Reynaldo Gianecchini, que ainda não brilhava na telinha como hoje, aparece em comercial do Shampoo Seda perseguindo uma bela morena em seu carro, incapaz de resistir ao charme daquele cabelo comprido. Resultado: prefere perder um aparelho de celular tijolão (ao jogá-lo para o automóvel dela) do que perdê-la completamente de vista. E foi neste cenário que a Samello apostou em um comercial em que três amigos enveredam por uma jornada pelas montanhas, mostrando que estão dispostos a tudo para viver e curtir a felicidade e momentos.
O Vt original, com cerca de dois minutos, foi criado pela DM9DDB e dirigido por Fernando Meirelles e impactava o público por texto emblemático na voz de Newton Prado, que expressa todo esse sentimento de buscar mais qualidade e alegrias na vida. “Uma campanha que sempre fica na minha cabeça é o comercial da Samello, para o produto CountrySide, um sapato da linha deles. É um filme que diz que as pessoas tem que aproveitar melhor a vida. Tinha um conceito ‘porque a vida é uma só’. Sempre vale a pena rever (não sei se é a versão oficial)”, diz Mateus Braga, diretor executivo de criação da Isobar (DF), para quem determinadas particularidades marcam mais quando se fala de propaganda. “Na minha memória além de boa propaganda sempre fica também um pouco de arte e poesia”, enfatiza.
Premiada e reeditada nas vozes de grandes artistas nos aos 2000 como Carlinhos Brown e Cláudia Leite, a música para a bebida gaseificada (seja combinada com uma pipoca quentinha ou uma saborosa pizza) é reconhecida até hoje como uma das “sete mais” da publicidade brasileira em uma pesquisa realizada pela revista About, com 250 formadores de opinião da publicidade brasileira, na qual consideraram “Pipoca e Guaraná que programa legal. Eu quero ver pipoca pular, pular” um dos hits mais bem bolados da história. Ela se destacou uma vez que chamou mais a atenção do que a sua irmã “Pizza e Guaraná. Este é o sabor” que, em tom romântico com ritmo típico de canções dos anos 50, enfatizava que ela caia bem com qualquer sabor de pizza fosse mozzarela, banana ou quatro queijos. Esta série da Antártica com pizza e pipoca foi talvez um dos mais bem sucedidos casos de comerciais estrelados por alimentos, que virou uma moda da época.
* Parte de matéria de capa produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Dezembro/ 2015, número 187

