
E esta pode ser a pura verdade. O desejo de relaxar é a força motriz do processo e a paixão é o que guia o saldo final do trabalho como aconteceu com o ator carioca Felipe Neto, que alcançou o sucesso com canal Não Faz Sentido, que tem mais de um milhão e 100 inscritos e cerca de 145 milhões de visualizações. Para ele, que começou no teatro na adolescência e trilhou o caminho do humor aliado à análise crítica na internet, o sucesso é resultado de timing com muita dedicação e ausência de medo, além de pouca vergonha na cara. Apesar de não seguir um planejamento estratégico definido, o objetivo era ver onde esta sua ideia iria dar, ao contrário do que se sucedeu com a Parafernália (com mais de 700 mil inscritos no Youtube), uma empresa criada com metas específicas e com uma série de estratégias de promoção e divulgação para se atingir os objetivos. Mas, pode parece que este trabalho é fácil, mas não. Como ocorre em qualquer projeto novo e incerto a proposta do artista teve seus percalços. Contudo, os resultados deste sucesso hoje é uma carga horária de 30 horas por dia para conciliar a vida de empresário, roteirista e ator que ainda lhe possibilitou a experiência em Tv com o programa “Até que Faz Sentido” no Multishow, que deu mais experiência e maturidade, ajudando-o a entender como funciona a mente do consumidor em diferentes mídias. Por que o resto não interessa ao artista.
“Webcelebridade é um termo raso e superficial que não condiz com as pessoas que se dedicam tanto para criar um material interessante na web. Essas pessoas não são webcelebridades, são artistas de internet. Quando você vê um artista de rua, se ele aparecer no Fantástico, você o chamará de streetcelebridade? Acho que não caberia, hahaha. De todo modo, há muita gente que obteve somente 15 minutos de fama na web, mas quem realmente se dedica de corpo e alma atinge muito mais que isso”, diz Neto.
Esta tendência da realização de uma coisa que se gosta sem pretensão alguma é o que tem pautado esses ditos “webcelebridades”, como Rodrigo Fernandes do Jacaré Banguela, blog humorístico criado em 2004, que ganhou notoriedade com o vídeo da Daniela Cicarelli na praia de Cadiz, na Espanha (2006). Criado para zoar com um amigo, a proposta do blog começou sem nenhum planejamento e hoje é um grande sucesso na rede. Com mais de 100 mil curtidores no Facebook e mais de 85 mil inscritos no Youtube, o Jacaré Banguela é pautado pelo interesse de fazer humor sarcástico que seja apreciada pelo público, apenas por amor. E isto realmente é difícil. “Os principais desafios enfrentados no começo de tudo foram justamente a atualização diária. Até hoje isso é difícil. Pra você ver, agora estou respondendo a uma entrevista e não estou atualizando o blog. A diferença é que no começo de tudo ninguém queria entrevistar a gente, mesmo que implorássemos (sério!). E agora que o Jacaré Banguela tem este público, o trabalho ficou mais complicado porque eu tenho que fazer mais gente se divertir com o que eu escrevo. O volume de pessoas aumentando, me deixa mais feliz por ver o trabalho dando certo”, ressalta Fernandes, que em seu standup diz que uma wecelebridade é como o personagem principal de uma novela da Record que ninguém na rua conhece porque nunca viu na vida.
E no que diz respeito a eles o sucesso realmente acontece por acaso. Para Paulo Cezar Goulart de Siqueira, mais conhecido como PC Siqueira, criou um canal no Youtube em fevereiro de 2010, para falar do seu cotidiano e contar algumas histórias só por distração. E a ideia despretensiosa acabou se tornando num vlog com mais de 120 milhões de acessos e um grande desafio: manter o canal com updates semanais, devido a outros compromissos. Como a proporção que seu canal trilhou foi além do que pretendia, o conceito de webcelebridade é totalmente deslocado de sua realidade. “Não sei o que é ser webcelebridade. Talvez ser um usuário de internet que produz conteúdo que as pessoas te cobram para ver. Não vejo muita diferença de ser famoso na internet ou na tv, são somente públicos um pouco diferentes. Sobre os 15 minutos de fama, eu acredito que há uma diferença fundamental entre simplesmente gravar um vídeo sem querer onde te pegam fazendo algo constrangedor e viraliza durante as próximas semanas, e fazer conteúdo periódico e construir sua base de audiência. Já estou ha quase três anos nisso, para números de internet, isso é uma eternidade”, comenta PC.
* Parte de matéria de capa sobre Webcelebridades, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Novembro/ 2012, número 152.

