Estamos diante da mudança de uma nova e eminente cultura que terá maior adesão num piscar de olhos, ao pensamos bem aonde caminha a humanidade e a sociedade de consumo. Inclusive, quando consideramos as estatísticas populacionais e as pesquisas em mãos. No caso deste estudo da REDS, realizada em abril de 2016, com 1.025 entrevistas em todas as regiões do País, as perspectivas envolvem um público de usuários não só com faixa etária de maior decisão como também de maior poder de compra. Os dados apontam que os maiores utilizadores da economia colaborativa são as pessoas com idade entre 35 e 59 anos, homens (1/3 já usou) e da classe A (4 em cada 10 já usaram), dentro de um universo pesquisado composto por pessoas do sexo masculino e feminino, entre 18 anos e 65 anos, das classes A, B e C (critério Brasil). E observa-se que as categorias de produtos e serviços de maior adesão são viagem e hospedagem, livros e mapas colaborativos, assim como um grande uso de redes sociais e aplicativos para compartilhamento e troca de serviços e produtos, como o Airbnb, 99Taxis e Uber, Estante Virtual e Livra Livro e Waze e Muda SP.Com isso, temos uma visão clara de que compartilhar é preciso porque o público deseja mais praticidade e maior conexão com o outro, mesmo que seja virtual para se sentir parte também de um todo, mesmo não integrando de forma real o desenvolvimento concreto do processo. “Neste sentido, as marcas observando este fenômeno, estão trabalhando (ou tentando) para integrar aos seus esforços de comunicação e marketing os mesmos princípios para gerir equipes, dialogar e vender seus produtos/serviços através de uma nova dinâmica de relacionamento com seus clientes, mercado e sociedade, que se torna fundamental para a sobrevivência e crescimento. As pessoas, sejam os colaboradores ou consumidores, devem estar no centro da estratégia global da empresa”, reforça Leandro Ogalha, que também é gestor e investidor em startups pela Vulcanico Digital Business Creator e Diretor da ABRADi-SP.
Assim como o público está mudando, a grande pauta das empresas está seguindo para o mesmo caminho. E isso só reforça que as mudanças que já se vislumbramos para o mercado de consumo que conhecemos, não só representa “um novo ciclo econômico” com implica em uma transformação de toda uma construção empresarial que não poderá não funcionar mais dentro em breve. Antigamente, segundo a futurista Beia Carvalho, quando nos deparávamos com uma nova tendência no marketing, nos negócios, na comunicação, o poder gestor se informava sobre a nova tendência e a implantava da forma que acreditava ela seria mais benéfica para a empresa. Agora, numa era de transição que estamos vivendo, o movimento é invertido. “Quando falamos em movimentos colaborativos, a pergunta que o gestor se faria ‘como a gestão interna ou a logística da empresa pode se beneficiar da colaboração?’ é feita à rede de colaboração. O paradigma é quebrado na origem. Como nós vamos funcionar? Por onde vamos começar? Por que é melhor começar por aqui? Quem mais poderia participar?”, destaca a especialista.
Isso funciona em diversos aspectos de gestão de uma empresa, seja interna ou até mesmo no que diz respeito à sua logística, se analisarmos todos os cenários do mercado e tivermos a percepção de que um negócio pode ampliar as expectativas no mercado. “Existem projetos de colaboração em diversos níveis. Do ponto de vista de produtos, empresas como a Camiseteria (www.camiseteria.com) e a Meu Adesivo (www.meuadesivo.com.br) permitem que pessoas submetam projetos gráficos (de camisetas e adesivos, respectivamente) que podem vir a ser produzidos e comercializados para o público. A Ruffles, por exemplo, está com uma promoção (http://facameumsabor.ruffles.com.br) para que o público sugira novos sabores. Os melhores sabores serão produzidos e comercializados no mercado”, pontua Felipe Pereira, entre os exemplos que encontramos por aí.
De fato, esta nova onda da “Economia Compartilhada” tem mudado a vida de pessoas no mundo e agora no Brasil, gerando assim uma nova e impensável moeda que especialistas estão chamado de “capital de reputação”. Na Era das Ideias unir forças traz um novo panorama de criação, mais relevante e mais impactante. Mas naturalmente, tudo isso só é eficiente quando conectado a um conceito positivo, proporciona uma imagem positiva aos envolvido. E o resultado disso, economia significativa e geração de valor. “Para mim, unir-se a outras empresas que tenham um mesmo propósito e fazer ações em conjunto, é algo mais rápido, simples e barato, e gera um excelente networking além de novos negócios entre as empresas e com novos consumidores. Na gestão interna, não acredito que se deva existir uma separação por área como ‘marketing colaborativo’. Na minha visão toda a empresa deve ser colaborativa. Alguém de T.I tem que dar dicas em vendas, atendimento, marketing e vice versa. Obviamente a decisão final ficando em cada área de origem”, diz Pedro Renan, CMO do We Do Logos (RJ).
Pautada em confiança, influência e crédito (no sentido de segurança), a Economia Colaborativa e as Plataformas Compartilhadas estão interligadas a tudo hoje em dia que acompanhamos, inclusive na própria tradicional que está encontrando nesse modelo de produção uma nova força. A interligação com o leitor que pode colaborar com o conteúdo que é trabalhado no veículo tem motivado a geração de informação e até sem certa medida contribuído para a sua sobrevivência, o que impede o parar das prensas. “Temo um exemplo da criação de um estande para uma revista, onde os clientes forneceram os produtos e a montagem. A revista teve seus custos reduzidos e apresentou uma pela proposta aos visitantes da feira, Os clientes, que não participariam deste evento. Apesar de não serem expositores, tiveram suas marcas divulgadas e a publicação de matéria e anúncio na revista”, lembra Silvia Celani da Mafer Comunicação de processo colaborativo que reforça um dos vários formatos possíveis.
No que diz respeito à comunicação, segundo a jornalista e especialista em administração mercadológica, comunicação e mercado, a economia colaborativa é o cerne de todos os processos uma vez que interliga as mais diferentes áreas que atam em conjunto projetos e ações que se tornam realidade, seja para a divulgação com o público interno ou externo. “Na gestão interna está presente em todas as atividades realizadas , em equipes multidisciplinares que unem esforços em torno de novos projetos. Na logística quando atuam de forma conjunta para que o cliente receba seu produto de forma rápida e eficiente, reduzindo erros e problemas”, lembra.
A necessidade de se trabalhar de forma mais colaborativa e de se criar em conjunto para gerar novas ideias se tornou cada vez mais presente nos dias de hoje, com o aporte das tecnologias. E mais fundamentalmente pela mudança de comportamento e de visão de negócios, gestão e empreendedorismo. A forma como empreendemos não é mais a mesma, os processos de trabalho não funcionam como antigamente e os nossos targets não são mais tão previsíveis como imaginamos. Mas, os caminhos são muitos e podem ser explorados por todos em diversas escalas, estejam dentro do universo das grandes corporações ou no processo individual. “Como uma empresa, existem dois grandes modelo de colaboração que podem ajudar. Um é o financiamento colaborativo, modelo que é consolidado nos Estados Unidos e que cada vez mais vem crescendo no Brasil. Nesse modelo, a empresa consegue captar recursos para investimento em seu próprio negócio com potenciais clientes e pessoas interessadas, os principais brasileiros são Catarse, Benfeitoria e Kickante”, diz Antônio Cardoso da Aussi.
Para o diretor de marketing do aplicativo de compartilhamento para empresários, o marketing colaborativo vem para ajudar não só o consumidor, assim como as próprias empresas. Basta apenas saber como transformar suas potencialidades a favor do negócio. “ Outra forma é através de consultoria colaborativa, onde a pessoa conta com uma rede de pessoas que usam o seu conhecimento em prol de resolver um problema. Assim, consegue-se maximizar a solução do problema frente ao modelo tradicional onde se contrataria apenas 1 pessoa para ajudar a resolver essa questão. No Aussi, trabalhamos esse modelo voltado para o empreendedorismo, onde o empreendedor posta o desafio do seu negócio e a rede de empreendedores do AUSSI o ajuda a resolver com base em suas experiências. Desse modo consegue-se uma solução mais rápida para o empreendedor e de modo acessível, algo que não seria possível sem a economia colaborativa”. Diante disso, restar não só dar a cara a tapa, como também deixar o barco navegar, mas manobrando-o com bom senso e foco para não se perder o rumo nessas águas ainda desconhecidas.
* Parte de Matéria de Capa produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Setembro/ 2016, número 196


