
E de fato o canal não pode ser realmente considerado um videoblogue pois envolve uma produção sem igual e caótica do trio que, além de que conciliar os trabalhos paralelos de cada um, assume todo processo sozinho: direção dos vídeos, edição, roteiro, produção dos próximos vídeos e dar conta das redes sociais. “A gente sai pra rua fazer reportagem, gava esquetes de humor em locações cedidas, faz vídeos de documentário entrevistando pessoas. Talvez o formato que se aproxime mais de vlog é o Ajuda Põe Na Roda, onde debatemos temas que a audiência manda pedindo opinião e ajuda, sempre com o parecer de um psicólogo. Mesmo assim, vlog é mais pessoal e normalmente não inclui tantas pessoas”, destaca.
Criado como um prazeroso escape para a infelicidade do exercício remunerado, o Põe Na Roda se tornou pura realização e motivação com os feedbacks recebidos de tantos LGBT que se dizem representados e ajudados. “No começo íamos produzindo um vídeo por semana, semana a semana preparando o próximo vídeo. Mas é impossível aguentar isso por muito tempo, porque é sempre um sufoco. Então, decidimos otimizar. Criamos uma planilha onde anotamos quais serão os vídeos futuros e tentamos produzir com maior antecedência, as vezes gravar duas ou três vídeos ao mesmo tempo, dependendo dos personagens que cada vídeo exige, locação, etc”, reforça orgulhoso por estar dando conta há um ano e meio.
O resultado de todo esforço e desafio desta válvula de escape criativa não só abriu oportunidades e possibilidades como ainda virou um canal que representa um segmento, um público sedento pela novidade do Põe Na Roda. Uma assustadora responsabilidade que compensa em virtude da audiência que espera os vídeos semanalmente, elogia, critica, se surpreende, e quer sempre mais. “Diferente de outros canais (Luba, Kéfera, por exemplo), temos um público cuja idade varia bastante! Tem desde adolescentes até jovens, adultos e senhores inscritos. Porque as vezes fazemos piada, as vezes falamos sério, as vezes fazemos reportagens, documentários. Então, o público acaba sendo bastante variado, já que cada um gosta de um tipo de formato ou conteúdo diferente”, comenta.
O fluxo de fãs, seguidores e curtidas nas redes sociais do canal registram assim números de audiência, views e curtidas em cada uma das mídias e ferramentas movimentadas atualmente pelo Põe Na Roda e pelos seus realizadores. “No Youtube temos 318 mil inscritos, no Facebook 125 mil fãs (ainda que o Facebook ferre todos os criadores de conteúdo do youtube, limitando o alcance dos posts, a não ser que você pague pra quem curtiu sua página te ver, um absurdo), no Instagram passamos 95 mil seguidores, no twitter 18 mil e no Snapchat cada post tem média de 5 a 10 mil visualizações. Vemos mais engajamento atualmente no Snapchat e Instagram. Nossos perfis pessoais também acabam tendo bastante seguidores, e as vezes um movimento maior, por interagirmos diretamente com os fãs por lá”, pontua.
Com isso, a interação do Põe na Roda com os internautas para levantamento de temas e pautas para os vídeos, comunicação com o público, manutenção e repercussão nas mídias se dá de várias formas. Inclusive, através de um espaço específico criado pelo trio que facilita este árduo e amplo processo. “Temos um grupo fechado no Facebook chamado Central Põe Na Roda. Nele a gente interage diretamente com os maiores fãs do canal. É lá que perguntamos o que acharam dos vídeos, aceitamos sugestões de pauta e também pesquisamos por personagens para participar dos vídeos quando temos que produzir, principalmente pautas específicas, como exemplos recentes, mães que topem aparecer com filhos, gays que namoram há muito tempo, ou gays idosos, etc”, diz.
Entretanto, apesar de todo empenho e realização, o Põe Na Roda enfrentou empecilhos como qualquer empreendimento off e online. Afinal, esta é uma área completamente nova que está sendo testada e experimentada, buscando acertos e minimizando erros, nesse terreno novo e muito fértil, que é a Internet e mais especificamente esta plataforma de vídeo. “o mercado publicitário, por ser muito conservador, está caminhando a passos de formiga para a mídia online, estão começando a despertar agora. Temos retorno, mas não o suficiente e nem justo com o alcance que essa mídia tem. Contudo, acredito que seja uma questão de tempo pra tudo isso se equilibrar”, comenta Pedro.
Ele afirma que o projeto tem ainda entre seus desafios fazer mais merchandising ou patrocínio, afim de sustentar melhor o canal: “A publicidade online em publiposts, vídeos patrocinados no Youtube, posts patrocinados em blogs ou Instagram, está engatinhando ainda. Maior parte da verba publicitária ainda está concentrada na TV, mas já se observa um movimento de crescimento para a Internet, enquanto se diminui a verba em outros meios tradicionais como TV ou mídia impressa. Acredito que a tendência, pelo que se observa, seja o mercado publicitário acordar e a Internet passar a ser a principal mídia, até porque nela está o melhor custo/benefício”.
* Parte de Matéria produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Fevereiro/ 2016, número 190

