
A história do carro no país não é muito antiga, tanto que a fabricação de automóveis começou a ganhar expressão em 1957, atingindo a comercialização de cerca de 30 mil unidades, em virtude da produção dos primeiros caminhões. Foi incrementado com a inauguração de fábricas da Volswagen e Ford, em Taubaté (SP), em 1972. Na década de 90, as medidas econômicas do mandato do presidente Fernando Collor abriram o mercado para a importação e, com ela, o aumento progressivo de carros populares que se seguiu ainda para o Governo de Itamar Franco de forma atenuada. “O mercado de veículos no Brasil tem crescido de forma exponencial, principalmente nas duas últimas décadas. Várias montadoras aportaram por aqui, após a liberação da economia, impulsionadas também pela globalização que encurtou distâncias e acelerou o fluxo de capital em busca de mercados mais promissores. E o Brasil ocupa hoje um lugar de destaque nas estratégias das grandes montadoras”, diz o professor de Administração da Faculdade Boa Viagem (FBV), Paulo Roberto Silva (PE).
Esta história de pouco mais de 50 anos reflete bem as mudanças de comportamento do país e do brasileiro diante deste novo desejo nacional. “Usando aquele ditado bastante conhecido, ‘o brasileiro é apaixonado por carros’, e essa expressão mostra o quanto as pessoas desejam esse transporte, não só por proporcionar uma locomoção com conforto, mas por desenvolver um sentimento, algo comparado a uma relação de afeto. E a publicidade tem um papel fundamental nesse processo. Um exemplo é o novo Fusca. A VW fez um aperfeiçoamento do New Beetle, mas através de uma estratégia bem definida, resgatou o sentimento que o velho ‘besouro’ cativou no coração dos brasileiros, trazendo ainda um personagem do passado, o humorista Mussum, sem falar no ambiente nostálgico do comercial, São Paulo dos anos 70. Quantas pessoas não se lembraram de momentos dentro de um ‘Fusquinha’. Nas redes sociais foi e ainda é um dos assuntos mais badalados, além de sites de notícias de carros fazendo várias matérias, comparando o Fusca, o New Beetle e o Novo Fusca, e o povo ‘ligado’, acompanhando tudo, porque gosta de carro”, destaca Vinícius Melo, diretor de atendimento da Eclética Comunicação (PI).
Os índices de consumo mostram que o mercado automotivo detém um dos melhores desempenhos do país em virtude de incentivos do governo para o segmento e para a sociedade. Em 2012, as vendas de veículos no Brasil bateram o sexto recorde consecutivo, e a expectativa da associação de montadoras Anfavea é que as vendas deste 2013 cresçam entre 3,5% e 4,5%, o que representaria cerca de 4 milhões de unidades. “O ano de 2012 foi excelente, sendo batido o recorde nacional de vendas de veículos em um ano, com 3,8 milhões de unidades, cerca de sete carros novos vendidos por minuto. O incentivo do governo com redução do IPI favoreceu muito essa conquista. Em 2013, as perspectivas continuam positivas com uma estimativa de 4,6% de crescimento nas vendas. No segmento de motocicletas, o crédito bancário hoje é o maior empecilho de vendas, que tem sido cauteloso no atendimento a alta demanda. Caso isso melhore, teremos um excelente ano também. O Nordeste acompanha a evolução nacional”, comenta o VP de criação da MV2, Elmo Du Val (PE).
As perspectivas são positivas para o setor que deve manter algum crescimento até o final do ano. Enquanto isto, as montadoras vão trabalhando para ocupar espaço neste mercado. “O Brasil, que fechou 2012 como o quarto maior produtor do planeta, vive um momento de equilíbrio com perspectiva de crescimento de produção na ordem dos 3% a 4% e um fim de ano na casa dos 3,9 milhões de veículos. O Nordeste é o grande foco das atenções de todos os fabricantes e importadores. A região que mais cresce no país interessa a praticamente todas as classes do segmento, ficando de fora os veículos esportivos de alto luxo. Digo Ferrari, Lamborghini, Rolls Royce. Apesar de você encontrar unidades emplacadas no Recife, por exemplo. O mercado do Sul ainda é o foco desses carros de milionários”, destaca o jornalista e editor de veículos do Diários Associados, Jorge Moraes (PE), que observa que crescemos em número de veículos emplacados e nos surpreendemos apenas agora com a quantidade de carros novos e semi novos porque olhamos as garagens dos prédios.
* Matéria produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Abril/ 2013, número 156.

