Copa-Pró-Moto-2012-Etapa-2-Sabará-93No filme “Curtindo a Vida Adoidado” (Ferris Bueller’s Day Off) de 1986, o personagem Cameron “empresta” carro da coleção pessoal do pai para o amigo Ferris Bueller: um Ferrari 250 GT California. Isto exemplifica muito bem a notória relação entre veículos e o homem e esta paixão que também é brasileira. “Antigamente, sem dinheiro, o brasileiro só podia gostar de futebol e cerveja que eram os prazeres ‘acessíveis’ a ele. Então, nesse período, o que tínhamos, na verdade, era uma demanda reprimida por esse tipo de produto. Não quer dizer que não desejasse tanto dos veículos como os americanos. Apenas não tinham como adquiri-lo. Mas, com a facilidade de crédito e o aumento real no poder de compra, o brasileiro se rendeu a essa paixão ‘motorizada’, o que fez com que as marcas investissem pesado no Brasil”, comenta o consultor e coordenador do curso de Marketing da Faculdade dos Guararapes, Diego Jaques (PE).

A história do carro no país não é muito antiga, tanto que a fabricação de automóveis começou a ganhar expressão em 1957, atingindo a comercialização de cerca de 30 mil unidades, em virtude da produção dos primeiros caminhões. Foi incrementado com a inauguração de fábricas da Volswagen e Ford, em Taubaté (SP), em 1972. Na década de 90, as medidas econômicas do mandato do presidente Fernando Collor abriram o mercado para a importação e, com ela, o aumento progressivo de carros populares que se seguiu ainda para o Governo de Itamar Franco de forma atenuada. “O mercado de veículos no Brasil tem crescido de forma exponencial, principalmente nas duas últimas décadas. Várias montadoras aportaram por aqui, após a liberação da economia, impulsionadas também pela globalização que encurtou distâncias e acelerou o fluxo de capital em busca de mercados mais promissores. E o Brasil ocupa hoje um lugar de destaque nas estratégias das grandes montadoras”, diz o professor de Administração da Faculdade Boa Viagem (FBV), Paulo Roberto Silva (PE).

Esta história de pouco mais de 50 anos reflete bem as mudanças de comportamento do país e do brasileiro diante deste novo desejo nacional. “Usando aquele ditado bastante conhecido, ‘o brasileiro é apaixonado por carros’, e essa expressão mostra o quanto as pessoas desejam esse transporte, não só por proporcionar uma locomoção com conforto, mas por desenvolver um sentimento, algo comparado a uma relação de afeto. E a publicidade tem um papel fundamental nesse processo. Um exemplo é o novo Fusca. A VW fez um aperfeiçoamento do New Beetle, mas através de uma estratégia bem definida, resgatou o sentimento que o velho ‘besouro’ cativou no coração dos brasileiros, trazendo ainda um personagem do passado, o humorista Mussum, sem falar no ambiente nostálgico do comercial, São Paulo dos anos 70. Quantas pessoas não se lembraram de momentos dentro de um ‘Fusquinha’. Nas redes sociais foi e ainda é um dos assuntos mais badalados, além de sites de notícias de carros fazendo várias matérias, comparando o Fusca, o New Beetle e o Novo Fusca, e o povo ‘ligado’, acompanhando tudo, porque gosta de carro”, destaca Vinícius Melo, diretor de atendimento da Eclética Comunicação (PI).

Elmo Du Val, VP de criação da MV2

Os índices de consumo mostram que o mercado automotivo detém um dos melhores desempenhos do país em virtude de incentivos do governo para o segmento e para a sociedade. Em 2012, as vendas de veículos no Brasil bateram o sexto recorde consecutivo, e a expectativa da associação de montadoras Anfavea é que as vendas deste 2013 cresçam entre 3,5% e 4,5%, o que representaria cerca de 4 milhões de unidades. “O ano de 2012 foi excelente, sendo batido o recorde nacional de vendas de veículos em um ano, com 3,8 milhões de unidades, cerca de sete carros novos vendidos por minuto. O incentivo do governo com redução do IPI favoreceu muito essa conquista. Em 2013, as perspectivas continuam positivas com uma estimativa de 4,6% de crescimento nas vendas. No segmento de motocicletas, o crédito bancário hoje é o maior empecilho de vendas, que tem sido cauteloso no atendimento a alta demanda. Caso isso melhore, teremos um excelente ano também. O Nordeste acompanha a evolução nacional”, comenta o VP de criação da MV2, Elmo Du Val (PE).

As perspectivas são positivas para o setor que deve manter algum crescimento até o final do ano. Enquanto isto, as montadoras vão trabalhando para ocupar espaço neste mercado. “O Brasil, que fechou 2012 como o quarto maior produtor do planeta, vive um momento de equilíbrio com perspectiva de crescimento de produção na ordem dos 3% a 4% e um fim de ano na casa dos 3,9 milhões de veículos. O Nordeste é o grande foco das atenções de todos os fabricantes e importadores. A região que mais cresce no país interessa a praticamente todas as classes do segmento, ficando de fora os veículos esportivos de alto luxo. Digo Ferrari, Lamborghini, Rolls Royce. Apesar de você encontrar unidades emplacadas no Recife, por exemplo. O mercado do Sul ainda é o foco desses carros de milionários”, destaca o jornalista e editor de veículos do Diários Associados, Jorge Moraes (PE), que observa que crescemos em número de veículos emplacados e nos surpreendemos apenas agora com a quantidade de carros novos e semi novos porque olhamos as garagens dos prédios.

* Matéria produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Abril/ 2013, número 156.

Compartilhar.

Ivelise Buarque é jornalista, consultora de comunicação e idealizadora do portal Ivelise Comunica e do Perneando. Com mais de 32 anos de atuação no cenário de comunicação, marketing e negócios, ainda tem grande participação no mercado de comunicação corporativa e marketing de consumo e cultural. E nos dias de hoje atua com foco em cultura, arte, entretenimento e projetos criativos, ajudando marcas e iniciativas a se comunicarem com autenticidade, propósito e impacto.

Deixe uma resposta

Exit mobile version