
Um importante polo de tecnologia e empreendedorismo do país, tornou-se o cenário ideal para startups e para outros negócios que bebem nas águas da economia criativa. E não é estranho que seja o local perfeito para a expansão de coworkings. E no caso da SoftexRecife (Centro de Excelência em Tecnologia de Software do Recife) não é diferente, especialmente porque esta é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1994, e que foi reconhecida como OSCIP e está vinculada à várias entidades importantes no Estado e do país. “A iniciativa de montar este espaço foi dos gestores do SOFTEXRECIFE/Empresarial ITBC e estamos em fase inicial de locação. E temos recebido várias consultas de profissionais que atuam nesta área. Desta forma, acreditamos ser um mercado com um alto potencial de crescimento para uso de coworking”, comenta Borba Filho.
O modelo varia de acordo com a proposta de casa idealizador, mas a ideia matriz é a mesma criar um ambiente que oferece um ambiente particular onde cada coworker se sinta a vontade e possa desenvolver o seu trabalho. “O Workspot está montado para atender a todas as demandas de um profissional, desde aquele que hoje foca em home-office, que acaba sendo limitado, até mesmo as empresas que podem reduzir seus custos utilizando o nosso espaço, ao invés de alugar uma sala convencional”, afirma André Castro e Silva, sócio do espaço no Recife que funciona há menos de três meses com diversos empreendedores e negócios (como o Ecolivery – empresa de delivery com bicicletas) e passou a funcionar como espaço para eventos aos finais de semana.
Além da estrutura completa que oferece, tem ainda como diferencial a reserva para cada assinante de uma caixa postal particular para receber correspondências e a contagem da hora por um sistema biométrico de entrada e saída, ou seja, não há desperdício de tempo. “A ideia é que o empresário só gaste com escritório o tempo que realmente o utiliza. Hoje em dia muitas empresas têm demandas fora do escritório e a vantagem é que aqui essa hora fora não é transformada em custo para a empresa”, diz Manuella Lacerda, também sócia do Workspot. A praticidade administrativa e a economia acerca do coworking realmente são imensuráveis e acabam sendo o principal chamariz.
Mas, os diferenciais acama sendo os valores agregados na adoção deste modelo de trabalho. E naturalmente vale tudo para ajudar aos cadastrados a ampliarem seus horizontes. “No caso da Aldeia Coworking em especial, a proposta é ser mais que simplesmente um escritório compartilhado. Estamos aqui para desenvolver pessoas e negócios, e tudo que fazemos, desde as estações de coworking até os cursos e eventos, são pensados para cumprir essa missão. A diferença é que a Aldeia é o lugar onde você traz a sua ideia e ela dá certo”, comenta Ricardo Luvizotto Dória do Aldeia (PR).
Para ele isto é muito importante porque tanto os profissionais à frente dessas iniciativas quanto aqueles que usufruem delas são pessoas criativas, empreendedoras que acreditam em suas ideias e gostam de trabalhar com mais gente legal. E isto é um reflexo de uma nova visão a economia que corre no sentido da colaboração.
“Cada vez mais as pessoas estão percebendo que trabalhar junto é a melhor forma de trabalhar. E nenhum espaço ilustra isso tão bem quanto um coworking. Existe também uma mudança de mentalidade em relação ao trabalho acontecendo. As pessoas estão cada vez mais tendo a percepção de que não precisam ficar presas a um mesmo lugar executando atividades que não gostam e que não têm significado para elas. Cada vez mais os profissionais se permitem ousar e colocar suas próprias ideias em prática, se dedicando ao que realmente gostam e acreditam. E, novamente, nenhum espaço é mais apropriado para isso do que um coworking, uma vez que esse tipo de ambiente, por sua natureza, incentiva e acelera esse tipo de profissional”, enfatiza Dória.
E é por isto que coabitar geograficamente e unir forças acaba sendo um dos grandes resultados do coworking. Esta é a experiência que outro projeto iniciado recentemente vem experimentando nos últimos dois meses: o Casamarela (PE), com membros distintos da cadeia da Economia Criativa, que ocupam um antigo casarão em um bairro da Zona Norte em atividades complementares num propósito colaborativo. A iniciativa partiu das empresárias Gabriela Fiuza e Lianna Saraiva, à frente da marca pernambucana Calma Monga de moda, que convidaram empresas parceiras de áreas diferentes para fortalecer a ideia de trabalhar em conjunto e criativamente. “O intuito é crescermos juntos, não só aliar a força de nossos serviços mas gerar uma sinergia de mercado colaborativa, pensando um no outro”, diz Gabriela Fiuza.
Até o momento, integram o Casamarela cerca de 10 empreendedores que consolidam a proposta deste coletivo numa estrutura voltada a atividades de moda, comunicação, fotografia, audiovisual, design e decoração, tecnologia da informação e gastronomia. E partindo do plano inicial as empresas já estão internamente em completa sinergia de trabalho. “Também existe o desejo de ocupar a cidade, de lutar e persistir por qualidade de vida, um casarão desses ia virar mais um espigão, a gente acredita no bairro, no comércio local, na força de estar na rua, entre as pessoas e nossa clientela, ninguém aqui tem cara de condomínio empresarial de luxo”, comenta Fiuza. E para movimentar ainda mais a casa já se prepara para abrir as portas de seu charmoso espaço para o público com uma série de atividades culturais.
“O mundo se cansou só do Work. A vida e o trabalho hoje são compartilhados, as redes estão aí e temos que usá-las, merecemos então mais ‘Co-work’ que é este trabalho muito mais colaborativo”, enfatiza Rodrigo Paolilo, sócio da Rede+ em Salvador, que oferece serviços de Coworking. Ele reforça que uma infraestrura aberta e sem amarras era tudo o que empreendedor necessitava para os modelos de negócios se desenvolvessem trazendo bons resultados. “O modelo colaborativo se torna um trampolim para estágios avançados da empresa. E, em nosso caso específico, é um trabalho direto com outras empresas a fim de trazer serviços adicionais nas áreas de marketing, advocacia, contabilidade, gestão e outros, além de capacitação direta, através de cursos e treinamentos suprindo a necessidade do cliente”, destaca.
E para isto o repasse de informação é primordial que é desenvolvido através de sites e redes sociais, eventos, cursos, associações, além de catálogos para apresentação das empresas a quaisquer clientes, facilitando a interação entre os mesmos. “Agências de comunicação especializadas (tradicional, digital, promoção, etc.) normalmente trabalham em parceria com outras que complementem seus serviços. Este é um modelo que funciona bem com a cultura do Coworking. Além disso, oportunidade de trabalhar em parceria com empresas de outros setores, facilitando o dia-dia da sua gestão interna e dos seus serviços”, reforça Rodrigo.
Esta facilidade de colaboração e cocriação proporcionado pelo modelo foi o start para a implantação de um dos primeiros coworkings da capital pernambucana, o Orbe, no centro da cidade do Recife pelo produtor cultural Ticiano Arraes e o designer Guilherme Luigi. “Como muitos dos profissionais cadastrados atuam na mesma área, isto pode gerar negócios e oportunidades que se geram em meios mais tradicionais. E ainda ajudar na montagem de equipes multidisciplinares para buscar e trazer soluções para dificuldades no trabalho uns dos outros”, ressalta Guilherme Luigi, que desenvolveu a ideia com o sócio há pouco mais de três para fugir do sistema tradicional de escritório ou das alternativas de home office ou de virtual offices. E com, isto criaram um ambiente onde as pessoas não só trabalham (conjunta ou individualmente) com tranquilidade, segurança e boa infraestrutura, como desfrutam de uma incrível ambientação num loft de 300 metros quadrados com capacidade para 45 pessoas, com total infraestrutura (copa com cafeteria, banheiros, sala de reunião e áreas de trabalho), sem separação de paredes, que possibilita uma maior integração dos coworkers e a geração de oportunidades para todos.
* Trecho de Matéria sobre Coworking, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Junho/ 2014, número 170

