
Hoje, Dani (como a chamam) comanda com a amiga e sócia esta empresa de projetos especiais, que acontecem na internet e fora dela, criada em 2010. Entre os diferenciais se destacam iniciativas com foco na fotografia (Instamission), amor (Pós-romance), tecnologia (Dear Google Reader), autoajuda (Autoajuda do dia), e festas do mundo (Dia de Festa; a ser lançado). E o principal detalhe é que todas essas investidas têm como suporte a fotografia, o texto e o vídeo para contar histórias, por exemplo. “Passei alguns anos tocando as duas profissões simultaneamente. Trabalhava no jornal, fazia a empresa na hora do almoço, à noite, em alguns fins de semana. Há pouco mais de um ano foi que decidi me dedicar 100% a Contente. É uma experiência maravilhosa e bem desafiadora trabalhar com o que você criou e no que você acredita”, destaca.
Mas, este começo não foi fácil. Afinal, ser uma empreendedora jovem por si só já é difícil, mas empreender sem saber como fazer o start é talvez um dos maiores desafios. Mas, encarar de frente e superar dificuldades acabou se tornando um dos grandes baratos no processo. “A gente aprendeu e aprende o empreendedorismo na prática, colocando a mão na massa. Nunca estudamos negócios, fomos fazendo e aprendendo, o que foi bom porque nos deu um frescor, uma coragem grande para experimentar, mas também nos deixou inseguras em alguns momentos. Os nossos backgrounds (o meu como jornalista e o dela como publicitária) sem dúvida nos ajudaram na construção da Contente”, comemora.
Assim como em qualquer ideia empreendedora, a Contente encarou o mesmo processo evolutivo. E isto deu antes de tudo muito mais possibilidades para fazer do jeito que se queria, e isto ampliou sua visão sobre negócios no Brasil. “Considero mais como um plano B mesmo que, em pouco tempo, nos mostrou um novo mundo de possibilidades. O investimento foi praticamente zero, o que nos livrou da angústia de ter que ter um retorno imediato. Isso nos deu liberdade de criação e poder de decisão sobre o que queríamos fazer”, comenta.
A experiência definitivamente vem rendendo grandes lições e são elas que a tem ajudado ainda no dia a dia pessoal. E, por isto, há um ano ela tomou uma decisão inusitada que vai de encontro, no ponto de vista de muitos, do seu fazer profissional e as regras da maioria nos dias de hoje: deletou seu perfil no Facebook. “Estava cansada dos excessos de posts, da quantidade de ‘amigos’ (tinha mais de 2.000, socorro!) e, principalmente, das tantas opiniões formadas rapidamente sobre absolutamente tudo. Tinha diminuído consideravelmente a quantidade de leitura. Me acostumei a acompanhar as notícias que as pessoas compartilhavam no meu feed. E daí percebi que na maioria das vezes elas eram trágicas ou sensacionalistas. E que a minha atenção durava o tempo do primeiro parágrafo. Queria voltar a ler jornal, revista, sites e blogs que me interessavam, e não necessariamente os mais populares da timeline”, destaca ela que ficou um ano fora da rede.
Mas, a decisão gerou um grande alarde no seu mailing. Muitos questionaram a iniciativa, outros tiveram dificuldade de se adaptar à ideia, contudo, no fim, alguns acabaram assumindo que gostariam de ter tamanha coragem. “Não estar no Facebook virou um assunto. Algumas pessoas perguntaram já, notaram a ausência, mandaram mensagem, email, puxaram papo no Gtalk. Outras pra quem eu contei disseram: “Mas não pode! Você trabalha com isso!’ Continuo trabalhando, mas de um perfil institucional, meu e da Lu, pelo qual podemos administrar as fanpages dos nossos projetos. É uma paz entrar lá e não ver um monte de besteira, e sim os nossos próprios projetos, que a gente ama fazer e compartilhar”, comenta a jornalista Daniela Arrais que uniu assim suas paixões.
Mas, por outro lado, percebeu que perdeu muito com esta opção. Além da rotina que se foi, ela deixou escapar uma série de discussões e principalmente grupos interessantes, além de ver alguns engajamentos e manter contatos com parentes e amigos de perto. “Deixei de saber muito do que alguns amigos e conhecidos estão fazendo. É impressionante como cada vez menos gente troca emails. É melhor fazer o broadcast para os seus 1.000 amigos do que escrever para aqueles 10 mais importantes. Uma amiga lançou um livro e fez o convite pelo Face. Perdi o bonde. Devo ter perdido outras coisas também, mas não soube”, descobriu.
Apesar do que esta iniciativa lhe proporcionou, ela retornou ao Facebook após um ano off-line. E neste meio tempo descobriu formas de manter tudo integrado. E ainda se admira com a evolução deste mundo globalizado em que podemos experimentar tudo e solicitar tudo a um clique dos dedos. Viver digitalmente, na opinião dela, não restringe ou corre o risco de anular o verdadeiro conceito de rede social da nossa sociedade, pois estamos caminhando para um melhor entendimento e superando a separação do off e do on. “As redes caminham juntas. Não adianta ter tudo ao alcance da mão se você não pode compartilhar o que descobriu em um papo cara a cara. Acho que cada vez mais a gente vai equilibrar essa dosagem de on-line e off-line”, diz ela.
E é assim que a jovem jornalista e empreendedora digital vai aliando o fazer com o amor, trilhando um caminho muito particular no mercado de comunicação e do marketing digital. Universo que domina com tanta maestria pessoal e profissionalmente através do seu blog e do negócio da Contece. “Sou apaixonada pelo Instagram. Também uso muito o Twitter. E acabei de voltar para o Facebook, depois de ter passado um ano sem. Escrevi sobre este processo no nosso blog: http://contente.vc/blog/como-passar-um-ano-sem-facebook-deletar-facebook-facebookcidio/”, ressalta.
* Matéria sobre Empreendedorismo Digital, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Maio/ 2014, número 169.

