
Um fator importante nisto tudo é que esta nova economia do século 21, a da demanda inteligente, tem a ver com o inconformismo e está focada naqueles empreendedores que usam o cérebro para lucrar. E que lucro gera. Segundo dados divulgados na imprensa geral, este setor que inclui capital cultural, social e econômico é primordial para o desenvolvimento socioeconômico, apresentando uma movimentação financeira que chega a mais de US$ 3 trilhões. Além disso, mostra crescimento de 6,3% ao ano e já sendo responsável por 10% da economia mundial. E de acordo com estudo que avaliou o impacto da Indústria Criativa do País, realizado pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), esta já representa 17,8% do PIB do Estado do Rio (cerca de R$ 54,6 bilhões) e emprega 82 mil pessoas, além de já envolver mais 240 mil empresas identificadas, conforme dados do governo.
E com este franco crescimento, estima-se que o setor irá movimentar US$ 6 trilhões em 2020. E não é à toa, pois este movimento caminha com pernas próprias e está atrelado a tantas áreas de mercado que não se pode mais nem mensurar em qual atua e que gera retornos diretos. “O escopo da economia criativa varia muito de país para país, de território a território. De uma forma geral, o conceito aceito nacionalmente e internacionalmente abrange os setores de Arquitetura & Engenharia, Artes, Artes Cênicas, Biotecnologia, Design, Expressões Culturais, Filme & Vídeo, Mercado Editorial, Moda, Música, Pesquisa & Desenvolvimento, Publicidade, Software, Computação & Telecom. São atividades que têm potencial para criação de valor (renda) e emprego e que se baseiam na criatividade, no talento e no conhecimento das pessoas. Tanto as criações industriais quanto as criações gerenciais fazem parte da cadeia industrial da economia criativa. Essas criações é que dão, muitas vezes, origem as inovações, tanto incrementais quanto radicais. Isso torna a economia criativa e a inovação fortemente conectadas”, diz Adolfo Menezes Melito, presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da FECOMERCIO-SP.
Esta é a grande sacada da economia criativa, o que lhe concerne um caráter revolucionário: ser plural, ser amplo. Como não se restringe a produtos, serviços e tecnologias, ela ajuda a revelar modelos de negócios inovadores em outras áreas a partir da colaboração, que é uma das chaves da questão. Com a inserção do outro olhar sobre o desenvolvimento do trabalho, ela permite que o desenvolvido de algo no processo de construção através da contribuição coletiva onde as pessoas opinam e trabalham junto em um sistema de troca, bastante defendido por Giardelli especialmente em seu livro Você é o que compartilha. “Acredito que é uma tendência que veio para ficar. Não cíclica; bem camaleônica, já que o capital não é individual, mas sim gerado com ganhos em grupo: capacitações, gestão colaborativa, só citando dois itens relevantes. E eu aposto muito na Economia Criativa como mola propulsora para mudar a vida do cidadão comum, principalmente quando se utilizam os eixos da Tecnologia, Cultura e Sustentabilidade. Pelo simples fato de lançarmos um novo olhar, já é o comecinho da inovação: o querer. E isso se tornará claro quando a pessoa sai de sua zona de conforto e começa a pensar fora da caixa, de forma criativa, empreendedora, gerando resultados”, pontua Alfredo Galamba, diretor de Conteúdo e Relações Institucionais da ExpoLAB – Escola de Economia Criativa (PE).
Apesar das formas de aplicação ainda serem bastante incipientes, afinal, tudo pode ser transformado em economia criativa. Um grande risco desta nova ordem econômica é a banalização que a ampliação de sua aplicação pode gerar, pois depende mais da capacidade de criação de seus desenvolvedores e profissionais envolvidos do que de estrutura e recursos financeiros, por exemplo. “Uma das coisas mais complicadas para o ser humano é depender de outras pessoas, simplesmente pelo fato de ser uma variável altamente imprevisível. Os profissionais que atuam neste novo conceito dependem fundamentalmente da sua própria capacidade, que passa a ser o insumo principal. A criatividade / inovação não necessita de estar cercada por uma grande estrutura de laboratórios, pesquisadores, enfim, recursos materiais e humanos, tudo isso pode ajudar, mas não impede que grandes ideias surjam de pequenas empresas, muito enxutas, com alto conhecimento e competência e, principalmente, muito dinâmicas”, diz Sakamoto.
* Parte da matéria de capa sobre “Economia Criativa” produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Junho/ 2013, número 159.

