revistamercadoUm novo capitalismo nasce pautado pelas boas ideias. Esta nova maneira de encarar os negócios estão bem além da zona de conforto vivido pelas empresas do passado.  Ela dá uma nova cara ao conceito de trabalho e, naturalmente, não poderia deixar de ser fruto das transformações do mundo que estão eclodindo nos mercados, especialmente no de comunicação, moda, cinema e demais relacionados. “No passado as empresas estavam dentro de uma zona de conforto na qual as evoluções de produto seguiam dentro de uma relativa previsibilidade. Havia uma evolução natural da tecnologia e era mais fácil saber onde apostar. Hoje é diferente. Há tecnologias que podem ser dominantes, mas o aparecimento de uma solução disruptiva pode levar a uma revolução no mercado. Se no passado grandes investimentos em centros de pesquisa próprios garantiam uma vantagem tecnológica aos grandes conglomerados, hoje a incerteza ronda todos estes gigantes, que não param de ver e rever todas as cadeias produtivas que lhes cercam em busca de oportunidades e alternativas”, comenta o presidente da Assespro-SP (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo), Marcos Sakamoto.

Um fator importante nisto tudo é que esta nova economia do século 21, a da demanda inteligente, tem a ver com o inconformismo e está focada naqueles empreendedores que usam o cérebro para lucrar. E que lucro gera. Segundo dados divulgados na imprensa geral, este setor que inclui capital cultural, social e econômico é primordial para o desenvolvimento socioeconômico, apresentando uma movimentação financeira que chega a mais de US$ 3 trilhões. Além disso, mostra crescimento de 6,3% ao ano e já sendo responsável por 10% da economia mundial. E de acordo com estudo que avaliou o impacto da Indústria Criativa do País, realizado pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), esta já representa 17,8% do PIB do Estado do Rio (cerca de R$ 54,6 bilhões) e emprega 82 mil pessoas, além de já envolver mais 240 mil empresas identificadas, conforme dados do governo.

E com este franco crescimento, estima-se que o setor irá movimentar US$ 6 trilhões em 2020. E não é à toa, pois este movimento caminha com pernas próprias e está atrelado a tantas áreas de mercado que não se pode mais nem mensurar em qual atua e que gera retornos diretos. “O escopo da economia criativa varia muito de país para país, de território a território. De uma forma geral, o conceito aceito nacionalmente e internacionalmente abrange os setores de Arquitetura & Engenharia, Artes, Artes Cênicas, Biotecnologia, Design, Expressões Culturais, Filme & Vídeo, Mercado Editorial, Moda, Música, Pesquisa & Desenvolvimento, Publicidade, Software, Computação & Telecom. São atividades que têm potencial para criação de valor (renda) e emprego e que se baseiam na criatividade, no talento e no conhecimento das pessoas. Tanto as criações industriais quanto as criações gerenciais fazem parte da cadeia industrial da economia criativa. Essas criações é que dão, muitas vezes, origem as inovações, tanto incrementais quanto radicais. Isso torna a economia criativa e a inovação fortemente conectadas”, diz Adolfo Menezes Melito, presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da FECOMERCIO-SP.

Adolfo Menezes Melito, presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da FECOMERCIO-SP

Esta é a grande sacada da economia criativa, o que lhe concerne um caráter revolucionário: ser plural, ser amplo. Como não se restringe a produtos, serviços e tecnologias, ela ajuda a revelar modelos de negócios inovadores em outras áreas a partir da colaboração, que é uma das chaves da questão. Com a inserção do outro olhar sobre o desenvolvimento do trabalho, ela permite que o desenvolvido de algo no processo de construção através da contribuição coletiva onde as pessoas opinam e trabalham junto em um sistema de troca, bastante defendido por Giardelli especialmente em seu livro Você é o que compartilha. “Acredito que é uma tendência que veio para ficar. Não cíclica; bem camaleônica, já que o capital não é individual, mas sim gerado com ganhos em grupo: capacitações, gestão colaborativa, só citando dois itens relevantes. E eu aposto muito na Economia Criativa como mola propulsora para mudar a vida do cidadão comum, principalmente quando se utilizam os eixos da Tecnologia, Cultura e Sustentabilidade. Pelo simples fato de lançarmos um novo olhar, já é o comecinho da inovação: o querer. E isso se tornará claro quando a pessoa sai de sua zona de conforto e começa a pensar fora da caixa, de forma criativa, empreendedora, gerando resultados”, pontua Alfredo Galamba, diretor de Conteúdo e Relações Institucionais da ExpoLAB – Escola de Economia Criativa (PE).

Apesar das formas de aplicação ainda serem bastante incipientes, afinal, tudo pode ser transformado em economia criativa. Um grande risco desta nova ordem econômica é a banalização que a ampliação de sua aplicação pode gerar, pois depende mais da capacidade de criação de seus desenvolvedores e profissionais envolvidos do que de estrutura e recursos financeiros, por exemplo. “Uma das coisas mais complicadas para o ser humano é depender de outras pessoas, simplesmente pelo fato de ser uma variável altamente imprevisível. Os profissionais que atuam neste novo conceito dependem fundamentalmente da sua própria capacidade, que passa a ser o insumo principal. A criatividade / inovação não necessita de estar cercada por uma grande estrutura de laboratórios, pesquisadores, enfim, recursos materiais e humanos, tudo isso pode ajudar, mas não impede que grandes ideias surjam de pequenas empresas, muito enxutas, com alto conhecimento e competência e, principalmente, muito dinâmicas”, diz Sakamoto.

* Parte da matéria de capa sobre “Economia Criativa” produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Junho/ 2013, número 159.

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Ivelise Buarque é jornalista, consultora de comunicação e idealizadora do portal Ivelise Comunica e do Perneando. Com mais de 32 anos de atuação no cenário de comunicação, marketing e negócios, ainda tem grande participação no mercado de comunicação corporativa e marketing de consumo e cultural. E nos dias de hoje atua com foco em cultura, arte, entretenimento e projetos criativos, ajudando marcas e iniciativas a se comunicarem com autenticidade, propósito e impacto.

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