home-2Investimentos geram um orgulho que se espalha como rastilho de pólvora e ganha as ruas, tornando-se maior do que só na empresa, como nos casos da Apple, do Google e da Rede Globo. “O Google é um ótimo exemplo, onde funcionários sentem prazer de trabalhar. O ambiente de trabalho favorece bastante, e a aceitação da necessidade do serviço vem de longo prazo. Empresas como Natura e Avon também são bastante desejadas por mulheres que, consequentemente, acabam acreditando no produto que estão vendendo”, opina Eduardo Borges, diretor no Brasil do portal AshleyMadison.com (RS), rede social de namoro online há quase 15 anos no mercado. Para ele, o branding interno faz com que funcionários se sintam confortáveis em vender aquele produto ou serviço, pois acreditam nele e, por isto, é fundamental conquistá-los.

E quando os funcionários acreditam na empresa não só ocorre o aumento de produtividade e qualidade como também de inovação de tecnologias, e consequentemente atração e fidelização de mais clientes. Esta é a experiência deste site que cresce no mundo todo, e cujos números de crescimento são essenciais para mostrar a relevância dos seus serviços aos funcionários. “O AshleyMadison.com é a maior empresa digital do Canadá, e todos os 150 funcionários que atuam na sede em Toronto adoram compartilhar o que fazem, por ser um trabalho totalmente diferente do convencional”, destaca Borges.

E assim se forma o time que conquista o sucesso no mundo dos negócios. “Na Mundo Contábil envolvemos todos na busca pelo crescimento e conseguimos que trabalhem acreditando na importância do que fazem: ‘somos um time, somos uma equipe, somos a marca Mundo Contábil’ são pensamentos que melhoram nosso desempenho como empresa (grupo) e como profissionais (individual)”, diz Simone Fragoso, diretora da assessoria contábil (SP). Para isto, criou-se um regimento interno divertido e inclusivo, que reforça até a possibilidade dos novos funcionários se tornarem sócios da empresa, contribuindo para que todos busquem alcançar este reconhecimento. “Os efeitos se refletem em uma melhor postura por parte dos funcionários, um empenho maior pelo crescimento da empresa e um tratamento diferenciado aos clientes. Quando o funcionário ‘veste a camisa’, apoiando a marca na qual acredita, ele se desenvolve e a empresa também”, lembra.

Um plano estratégico que envolva benefícios é assim um primeiro passo. E esses podem variar da estrutura até plano de cargos e carreiras como demonstrado por Fragoso. Afinal, a aplicação do branding interno se resume em transformar o colaborador em família, no fim das contas. “O que adianta dizer ser inovador e ter computadores ultrapassados, móveis ruins e paredes frias. Na LUZ, usamos o conceito de open-space, temos cor em vários detalhes, todos possuem laptops de última geração, etc. Desenvolvemos ferramentas online que possibilitem que os colaboradores trabalhem em constante contato e troca como o slack (app de comunicação)”, revela Daniel Pereira, CEO da LUZ (RJ), empresa especializada em planilhas empresariais em excel.

A organização também aposta em cursos de treinamento (como design thinking, analytics e gestão), e encaram uma política de recursos humanos com flexibilidade geográfica e de horário. “Você não precisa ir ao escritório e pode trabalhar nos horários em que preferir. Temos até colaboradores em cidades diferentes. Realizamos confraternizações, como um chopp mensal, sempre após a reunião de revisão dos resultados, que é um momento muito importante para que colaboradores mais experientes transmitam a cultura e a história da empresa para os colaboradores mais novos”, reforça. E assim obtém maior alinhamento entre o que vendem e o que praticam.

Estas e outras estratégias contribuem para que o público interno fique cada vez mais motivado no trabalho e na empresa, assim qual o motivo o levaria a sair? Sendo assim tudo contribui não só para gerar uma imagem positiva da empresa como diminui a rotativa do quadro. “O endomarketing, ou ainda clima interno organizacional, é a qualidade do ambiente organizacional que experimentada pelos grupos influencia no seu comportamento. Uma empresa não pode crescer sem a lealdade dos clientes. E não se pode construir a lealdade dos clientes sem funcionários leais. Assim, é possível citar inúmeras empresas que não têm boa imagem no mercado e, com isso, o RH acaba tendo uma dificuldade enorme em atrair bons profissionais para seus quadros. Afinal, uma empresa com quadro rotativo acaba gerando imagem ruim e afastando, por isso, possíveis novos colaboradores”, diz Luciana Boschi, diretora da Dom Graphein Consultoria (RJ), que considera o Branding Interno como uma forte ferramenta de fidelização.

Contudo, é importante lembrar um pequeno detalhe: mais do que fazer com que eles se sintam e façam parte do processo de fortalecimento da marca da empresa, é preciso lembrar que as ações não podem se distanciar do posicionamento externo. “Se somos extremamente criativos e ousados com nossos clientes, não podemos simplesmente mandar um cartão de aniversário automático para as pessoas. Nossas ações internas precisam refletir a identidade de marcas que transmitimos para o mercado. Consistência é tudo. Não adianta nos mostrarmos de um jeito internamente, que não somos na prática. É preciso ter sinergia de comunicação entre todos os pontos e contatos. Consistência é a chave do sucesso no branding interno”, ressalta Christopher Montenegro, sócio da Malagueta Criativa (RJ).

Em sua visão, coloca-se muitas vezes 100% do foco em posicionar a marca da empresa apenas para o seu público externo, relegando o público interno. E por isto, é necessário se fazer sempre um questionamento importante: o que faz a empresa ser um lugar atraente para trabalhar? “Valores como respeito e confiança precisam ser aplicados por eles e para eles. Todos que trabalham conosco fazem parte da construção da marca e muitas vezes são os nossos pontos de contato com os clientes externos. Envolvimento das nossas equipes com as atividades e processos de administração de marca em programas internos e motivacionais, que ajudam a informar e inspirar as pessoas, é o caminho do sucesso para o branding interno”, comenta Montenegro.

Neste processo, todos saem ganhando: a empresa por ter uma equipe alinhada com a sua imagem e posicionamento junto ao mercado, os funcionários pelo maior envolvimento com o negócio no dia a dia e o cliente que contará com prestadores focados na excelência em suas atividades e mais motivação para partilharem do sucesso do negócio. E por que não? Amor. “Na Giacometti, costumamos dizer que a organização é o ‘sol’ e a marca é a ‘lua’. Eles estão diretamente relacionados, um impacta diretamente no outro. A forma como o sol, representando a organização, se estrutura e se organiza, traz um reflexo e impacta diretamente a lua, representando a marca. Então, não há sentido em separar o interno do externo, pois estamos falando do Yin e do Yang, de coisas complementares”, diz Dennis Giacometti, sócio-presidente da Giacometti Comunicação e da Zhuo – Gestão, Inovação e Estratégia de Marca.

Com intuito de simplificar a prática profissional, ele argumenta que na verdade não existe o endobranding, o que existe é o próprio “branding”. Ele é que tem que estar conectado com toda órbita de stakeholders, em uma relação de interdependência, que representa o núcleo do DNA vocacional. “A construção de uma marca de prestígio passa primeiro pela harmonização de toda a organização em torno do que ela deseja expressar através dessa marca. Se a empresa de fato entrega o que promete, e pratica diariamente formas inovadoras de entregar o que promete, com a cumplicidade de todos na sua cadeia interna (inclusive fornecedores), ela com toda certeza será reconhecida. E ao ser reconhecida, seus colaboradores sentirão orgulho de participar dessa construção”, reforça.

* Parte de Matéria de capa sobre branding interno, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Setembro/ 2014, número 173

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Ivelise Buarque é jornalista, consultora de comunicação e idealizadora do portal Ivelise Comunica e do Perneando. Com mais de 32 anos de atuação no cenário de comunicação, marketing e negócios, ainda tem grande participação no mercado de comunicação corporativa e marketing de consumo e cultural. E nos dias de hoje atua com foco em cultura, arte, entretenimento e projetos criativos, ajudando marcas e iniciativas a se comunicarem com autenticidade, propósito e impacto.

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