
Chamada de “a década da consolidação”do marketing no Brasil, os anos 80 marcaram antes de tudo a transformação do processo de criação e de aplicação dos negócios em propaganda que passaram a ser desenvolvidos de acordo com técnicas de planejamento, vendas, distribuição e comunicação que fizeram a história da publicidade da época e traçaram a trajetória de diversas marcas e ainda sua relação com o mercado. “Quando busco na memória algo em comunicação que me marcou, lembro de um período em que as marcas ‘brigavam’ de verdade pelos consumidores, uma provocação mútua na qual se destacava a mais criativa, a mais inteligente, a melhor. Até hoje não consigo dizer quem venceu: Estadão ou Folha? Coca-Cola ou Guaraná Antarctica? Brahma ou Antarctica? Pepsi ou Coca-Cola? Bombril ou a Concorrente? Era uma época em que a coragem do cliente falava tão alto quanto a criatividade e a inteligência da agência. Coragem para ter a irreverência de levar a público uma reclamação da Concorrente, como no caso de Mon Bijou (Bombril).Coragem de colocar a marca da concorrente em seu espaço publicitário apenas para mostrar que é realmente superior”, lembra Sergio Barros, diretor de criação da Innova – All Around The Brand (SP).
Pivô de uma das brigas mais famosas do segmento de bebidas, a Coca-cola era o reflexo na época do que representava a juventude descolada e tudo isso era expressado por comerciais criativos, que eram seguidos por outros igualmente bacanas de concorrentes, especialmente no mercado norte-americano. Com o mote “Cola Cola é isso aí”, que perdurou por mais de cinco anos (1982-1989), a marca adotou nesta época uma estratégia chamada de “Adoção de risco inteligente”, criada por Roberto C. Goizueta, presidente da diretoria e CEO da The Coca-Cola Company.
Sucesso e fracassos dessas ações a parte, as campanhas foram um verdadeiro show com trilhas inesquecíveis. Afinal, quem não lembra daqueles comerciais bacanas com uma turma jovem e feliz embalada pela canção: “É isso aí. O jeito de viver. O sabor que é pra valer. Coca-cola é que faz tudo mais ser assim. Alegria para você e pra mim. Coca-cola é isso aí. Não tem sabor como esse aqui. É demais. Refresca muito, muito mais”. Com orações simples porém emocionantes, levava todos a considerar o frescor que a bebida poderia proporcionar.
* Parte de matéria produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Novembro/ 2015, número 187

