
Para o publicitário, o limite entre o permitido e o agressivo é extremamente tênue, nos casos, em que essas técnicas proporcionam recursos que complementam e ajudam a foto convencional, por exemplo. E por isso, a pós-produção e o retouch facilitam bastante o trabalho publicitário, tornando-se vital no processo e apresentando benefícios melhor compreendidos pelos clientes, hoje. “Apesar de muitas pessoas julgarem como ‘propaganda enganosa’, gosto de citar o caso dos alimentos. Comida costuma sair ruim na foto. E, consequemente, o anúncio, ou outra mídia que seja não desperta o interesse dos clientes. Acho que foi daí que surgiu a expressão ‘comer com os olhos’. Contudo, é preciso mais uma vez cuidar do limite. Do mesmo jeito que as pessoas não achariam interessante uma foto real de um sanduíche, elas podem se sentir extremamente enganadas ao receberem um produto tão diferente do que estava sendo mostrado na imagem”, defende Muhler.
Com isto, observamos que materializar o ideal é a grande compensação quando feita por profissionais competentes e com os equipamentos e softwares necessários. Afinal, com o investimento e o grau de profissionalismo adequados são evitados uma manipulação tosca e ainda obtém-se resultados de trabalhos com finais incríveis. “As verbas de produção estão diminuindo ano após ano. E, numa média geral, costuma ser mais barato investir na pós do que na pré ou na própria produção em si. Sem falar que o controle na produção não costuma ser 100% assertivo. É bastante comum termos algumas surpresas quando vemos o material na ilha de produção ou mesmo após sua edição final”, ressalta o criativo.
E deve-se ter bem em mente que a pós-produção, o retouch, como ferramentas comuns e conhecidas para aqueles que vivem disso, não é algo que passa tão imperceptível para o público comum, seja em qualquer esfera ou plataforma (digital, impressa, cinematográfica, televisiva). Então, para quem acha que o internauta, ou o consumidor, está aquém da percepção dessas manipulações, fique ligado! Ele está ciente e alerta, e o profissional melhor do que nunca. “Para quem vive disso, é possível sim identificar o recurso da manipulação. Já para o público mais leigo, costuma quase sempre passar despercebido. Salvo alguma aberração muito evidente. As redes sociais estão infestadas de tratamento de imagens. Redes como o Instagram, por exemplo, já disponibiliza uma série de filtros para ‘melhorar’ a imagem que será postada. Inclusive, isso deu início a um movimento contrário. É o movimento do ‘No Filter’, onde as pessoas deixam claro que não usaram de nenhum recurso para alterar a imagem original. Na cabeça delas, isso seria um sinal de credibilidade da imagem”, comenta Muhler.
* Parte de matéria de capa produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Julho/ 2015, número 183

