
Eles são um mercado em potencial, mas é preciso saber fazer aparecer e acontecer. O uso de canal traz uma variedade de possibilidades tanto para aqueles que desenvolvem esses projetos, assim como para quem sempre confere. Esta é a proposta de Manual do Mundo (http://www.youtube.com/iberethenorio) do jornalista Iberê Thenório, apaixonado por vídeos, que, em 2006, começou a gravar vídeos sobre coisas que achava bacana, como experiências, mágicas, pegadinhas, receitas, origamis e brincadeiras. “No começo, gravava tudo com uma câmera emprestada, dentro de casa, os vídeos tinham poucos views, mas eu não desisti. Hoje, o canal tem 508 mil inscritos e 111 milhões de exibições. Isso me deixa muito feliz, mas ao mesmo tempo é uma grande responsabilidade. Cada vez em que eu posto um vídeo, são mais de meio milhão de pessoas que recebem um aviso”, destaca o profissional, que afirma que a estratégia se baseia em fazer, com regularidade, vídeos interessantes e pensados nos internautas.
Mas, em todo começo, é importante um empenho maior antes de colher os louros, afinal o ônus desse empreendimento é alto. “O mais difícil é ter boas ideias o tempo todo. Um vídeo não é feito só de uma boa pauta, mas de bons ângulos, bom roteiro, boa edição. Tem que haver muito esforço para manter a qualidade. Por isto, a primeira coisa é fazer uma lista com pelo menos uns 50 vídeos que você pensa em gravar. Se você não conseguir fazer essa lista, significa que terá muita dificuldade em arranjar temas. Você também tem que pensar que vai passar horas e horas filmando e editando vídeos. Tem que gostar disso”, comenta ele que atualmente consegue viver apenas disso, como os colegas Neto e Siqueira.

Viver do que gosta é a realização deste trabalho que muitos almejam, contudo, o caminho se torna longo até a conquista deste status profissional. Mas, é um caminho que para estes empreendedores vale a pena traçar. Esta é a experiência que o fotógrafo Fernando Lima, que desenvolve com muito esforço o canal “Sem roteiro” (http://semroteiro.com/), que surgiu do costume em escutar podcast como o Guanabara.info e o Jovem Nerd. “A ideia inicial era fazer um podcast, que era sem roteiro, porque dependendo do formato eu poderia fazer um programa, fosse de áudio ou de vídeo. E, como sou fotógrafo, tenho todo o equipamento de foto voltado pra vídeo. Assim, eu comecei a fazer vídeo que era mais fácil pra mim. Eu gostava mais do efeito visual. Eu não sabia ainda como ia ser e gravei o primeiro programa sem ter muita noção, mas já apresentava mais ou menos como seria”, lembra ele que, apesar de apostar no Youtube (onde mantém 66 inscritos e 7106 exibições), tem como grande canal o Videolog.tv onde tem mais de 110 mil views com esses mesmos vídeos. Como desenvolve este projeto em paralelo a sua atividade profissional principal, tenta conciliar tudo e a fórmula para isto é planejamento. “Quando se pensa em usar um canal como este, normalmente, vem primeiro a facilidade da internet, de produzir esses vídeos em casa. Mas a receita para quem vai fazer um vlog, ter sucesso e ser eficiente é ter uma periodicidade, um padrão de produção que se siga seja mensal, seja quinzenal. Contudo, é preciso fazer uma produção constante. É bem difícil. E ser constante e estar ligado nos assuntos que mais interessam, e estar ligado nas redes sociais, que vão dar o feedback do que o pessoal está achando do vídeo”, pontua.
Este feedback se torna essencial em qualquer proposta, inclusive naquelas extremamente segmentadas como o Brasil Gamer TV (www.brasilgamertv.com.br), uma comunidade virtual com foco em videogames, iniciada pelo publicitário Fernando Freitas e o amigo Felipe Santana. “Quando iniciamos a produção de vídeos no Youtube ainda não tínhamos muitos produtores como hoje e a maior dificuldade era o processo de tentativa e erro até achar o melhor formato (linguagem e tecnologia apropriadas para uma qualidade significativa), uma vez que na época não se tinha um local como o Brasil Gamer TV para ajudar nesse processo. Hoje, temos um alcance médio de mais de 42 mil visualizações por mês no canal pessoal. E é muito gratificante saber que ajudamos outros Gamers”, comenta Freitas.

Tudo isto ressalta a força desta grande ferramenta social que hoje representa o segundo maior buscador. Sendo assim, é importante estar presente lá. Mas, estar com os pés no chão é fundamental neste processo. “O Youtube hoje está se consolidando como a nova TV aberta do século XXI, onde você pode escolher o que quer assistir, a hora em que quer consumir determinado conteúdo. E os vlogueiros, principalmente os produtores de conteúdo audiovisual, têm como entregar esse conteúdo com a cabeça do internauta, concretizando o que há anos a mídia vem chamando de convergência entre as mídias. Mas, o que vai levá-lo ao sucesso, será sua persistência, pois nenhuma audiência se constrói do dia para a noite, e seu conteúdo de alto nível. Agora o grande desafio é como rentabilizar esse talento”, frisa Murilo Oliveira, diretor da iFruit, agência especializada em gerenciar a carreira de diversas personalidades na área como Felipe Neto.
* Matéria produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Fevereiro/ 2013, número 155.
