
“Apaixonei-me pelo Recife de cara. Vim conhecer o carnaval e acabei ficando um mês. E tem como não se encantar?”. Foi assim que começou a relação de amor do paraense Flávio Barra com a capital pernambucana, lugar que escolheu como lar, depois do começo na atividade em sua terra natal. Com 20 anos de carreira e 10 de residência no Recife, o jornalista alcançou aqui inclusive a maioridade profissional com um novo desafio: o programa “Agora é hora” da TV Clube/ Record, que passou a comandar no último mês, sempre de segunda a sexta, às 13h40, durante 30 minutos de rede. “Recebi de presente o Agora é Hora, que é uma revista que cabe de tudo. Tem informação, prestação de serviço, notícia, humor, música. E a aceitação do público está sendo incrível. Estou muito feliz”, ressalta.
Mas, este é apenas um novo capítulo da trajetória que vem desenvolvendo ao longo de sua história de vida e, em especial nesta última década. Apesar do tradicional proverbio “Filho de peixe, peixinho é”, este caminho foi trilhado por ele com os próprios pés, mesmo com a influência familiar. “É normal que as pessoas esperem mais de profissionais que tem históricos bem sucedidos na família. No meu caso, não ajudou nem atrapalhou. No meu primeiro emprego, só foram saber de quem eu era filho depois de mais ou menos dois meses. Eu assinava Flávio Diniz, meu segundo sobrenome”, diz Barra, que carrega no nome a tradição construída no jornalismo paraense pelo pai, Guilherme Barra.
Jornalista muito respeitado em Belém, ele conduziu o filho em seus primeiros passos na comunicação ainda garoto, aproximando-o da profissão “Quando eu era criança, ele me levava pra redação e eu acompanhava todo o processo até sair o último jornal da gráfica. Fatal!”, lembra Flávio, que assim conviveu com todo o processo, da gráfica as ruas, atuando ainda como vendedor de jornal ainda com 12, 13 anos. Uma lição que lhe ensinou muita coisa, inclusive a ultrapassar os desafios pela frente e, em especial, quando de sua mudança para o Recife.
“Cheguei aqui para arriscar a vida, então tudo que pintava eu fazia. Minha grana estava acabando e eu já pensava em voltar pra Belém, quando pintou um teste para um programa de auditório. Eu disse não na hora. Quando eu falei para minha mulher, ela praticamente me obrigou a fazer o teste… (risos)… disse que eu tinha talento e que eu não podia desistir de ficar aqui no Recife. Pense no baile?!… Bom, acabei fazendo e passei. Aí começou tudo”, destaca. E foi este o início desta nova história numa terra estranha, mas receptiva. O encantamento pelas pessoas, cores, comida, cultura, música, praia só esbarrou em apenas uma dificuldade de adaptação, a do sotaque.
“Por incrível que pareça, as pessoas estranhavam muito. Comecei a ouvir muito rádio, ver todos os programas de TV e conversar com as pessoas pra tentar suavizar o problema”, recorda. Mas, mesmo assim, isto não trouxe maiores problemas, e assim pôde exercer a profissão e atuar em sua grande paixão, que é a TV. E como poucos, ele teve o privilégio de já começar na televisão, afinal, muitos acabam iniciando no rádio antes de passar para a telinha. A receita para esse bem sucedido começo de carreira sempre foram perseverança e coragem, antes de tudo. E com isto conseguiu ultrapassar até os principais percalços que enfrentou e que contribuíram para construir a sua trilha. “Em tudo o que você faz o segredo é foco. Não tem jeito. Apesar de ter feito alguma coisa de rádio e impresso, eu sempre quis fazer tevê e fui atrás disso. As dificuldades na minha carreira surgiram apenas quando mudei pra cá”.
E foi ainda com esta determinação que Flávio Barra não só trocou a terra natal pela capital pernambucana, como por um mercado diferente e com outros entraves: “O mercado daqui é bem melhor, mas ainda é difícil. Imagina o mercado de Belém!”. E não a toda. O desejo de progredir no meio televisivo era muito maior do que simplesmente se realizar como jornalista, tanto assim que ele sempre se inspirou em nomes de projeção na mídia como Carlos Ferreira, comentarista da TV Liberal (afiliada da Rede Globo em Belém), e ainda o outro conterrâneo Ronaldo Pena, além de Tino Marcos, Marcos Uchôa e Francisco José, no cenário nacional.

Em terras pernambucanas, por sua vez, Barra enveredou por dois tipos de trabalhos distintos: programa de variedades, auditório (no caso o Muito Mais da TV Jornal e o Tribuna Show na TV Tribuna) e telejornais (Cotidiano, também na TV Tribuna, e no jornalismo da TV Jornal, em que até participou da Caravana da Copa). “O entretenimento apareceu na minha vida por um acaso. Quando a TV Tribuna decidiu acabar com o Tribuna Show, eu resolvi voltar para o jornalismo, mas minha imagem estava marcada no entretenimento. Então, fui bater em Brasília”, diz Flávio, que no Distrito Federal teve a oportunidade de fazer telejornal na filiada da Rede TV até o chamado para nova investida em terra nordestinas.
“Para minha surpresa, quatro meses depois, a TV Tribuna me chamou para apresentar o Cotidiano. Nem perguntei o porquê, fiz as malas e voltei. Depois a TV Clube me chamou para assumir o Jornal da Clube”, comenta ele que viu assim sua jornada o direcionando novamente não só para o Recife como para a reportagem e para os noticiários, antes da mudança para o atual momento profissional. “E agora estou numa revista, o Agora é Hora. Não parei pra pensar se essas mudanças de direção são boas ou ruins para minha carreira e nem vou parar para pensar nisso. Se eu prefiro jornalismo ou entretenimento? Ora, eu prefiro estar no ar!”, enfatiza.
É com este positivismo e confiança que Flávio Barra vem mostrando sua marca no jornalismo televisivo, sua paixão e sua realização pessoal. Uma atividade que vem exercendo com uma postura pautada pelos preceitos fundamentais da profissão, do início ao fim da carreira, em sua opinião, mesmo quando se busca inovar neste concorrido mercado, em especial o da telinha. “Ser criativo na tevê, não significa inventar a roda. Tem que ficar ligado na evolução das novas plataformas de comunicação e usá-las a seu favor”, ressalta ele, que pretende realizar ainda muitos projetos, apesar do espaço já conquistado. “Tenho um monte de pequenos sonhos para serem realizados, mas nem um em televisão. Queria muito fazer cinema um dia, por exemplo”, adianta com confiança e perseverança, Flávio Barra, que manda “beijo na alma e aquela paz” para telespectadores.
* Matéria perfil com o jornalista e apresentador Flávio Barra, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Janeiro/ 2015, número 177
