A inovação mostra as caras e determina novo conceito de mercado cujo valor é intangível. Ano passado, o consultor britânico John Howkins, presidente da Consultoria BOP, do Reino Unido, declarou que “Precisamos de liberdade para escolher como queremos nos relacionar com as mais diversas ideias”, durante o Seminário Internacional de Economia Criativa organizado pelo SESI-SP. “De acordo com John Howkins – o papa da Economia Criativa, no seu livro ‘The Creative Economy’, ele sintetiza que ‘são atividades na quais resultam em indivíduos exercitando a sua imaginação e explorando seu valor econômico. Pode ser definida como processos que envolvam criação, produção e distribuição de produtos e serviços, usando o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos’. Nas palestras e cursos, tenho dito que a Economia Criativa é um termo novo para necessidades antigas; contudo, somente nos últimos anos é que se tem atentado mais e melhor, tanto pelos Governos, quanto por nós, enquanto Sociedade”, coloca Alfredo Galamba, diretor de Conteúdo e Relações Institucionais da ExpoLAB – Escola de Economia Criativa (PE).
Considerado o guru e maior defensor deste novo e moderno movimento, ele afirma que os economistas ainda não conseguiram criar teorias adequadas ao mercado de ideias, fase em que nos encontramos no momento. Afinal, como mensurar algo que não pode ser bem definido em equações e cálculos, na ponta do lápis em um papel. “Em minha opinião, ela é fruto da representação da indústria de conteúdo, que tem movimentado muitos bilhões nesses últimos anos; Nesse mundo contemporâneo dominado por imagens, sons, textos e símbolos. Cinema, games, design, arte digital, multimídia. E está ligada à área da tecnologia da informação e comunicação, que é força motor e base da inovação desse novo mundo. Nesse contexto esse conceito de inovação é consequência das novas tecnologias de mídia (TICs) em uma nova economia do conhecimento”, comenta Felipe Almeida, diretor de negócios da 4dimensão (PE).
Neste cenário de incerteza, ter uma boa ideia é ajuda a aquecer e desenvolve novos mercados, pois ela cria uma rede intangível de negócios. Segundo o especialista em cultura digital e criador dos @InovadoresESPM, Gil Giardelli, “economia criativa é aquela baseada nas atividades, na criatividade, nas habilidades individuais e no talento. É a indústria que tem potencial para criar riqueza e empregos ao desenvolver propriedade intelectual. Isso inclui propaganda, multimídia, arquitetura, cinema, música, artes, videogames, softwares, livros, design, moda, televisão, rádio, etc”. Este novo conceito nos dá uma nova visão sobre o que está ao nosso redor e especialmente ao que está intrínseco à comunicação, mercado e consumo agora. Com ele, pode-se vender inclusive experiências que ainda serão vividas, o que é bem diferente de se vender produtos, além de possibilitar o desenvolvimento sócio-econômico até de cidades para especialistas. Isto porque para alguns, como o próprio Giardelli, a economia criativa engloba ideias que perpassam trabalho, estilo de vida e várias formas de riqueza, que incluem capital cultural, social e econômico.

“Já vemos sinais por todas as partes de que a indústria das ideias e do conhecimento está se tornando mais e mais importante, e nos próximos anos vai se tornar ainda mais importante que a economia baseada em produtos. Veja o caso do Vale do Silício, nos Estados Unidos, ou de várias partes do Reino Unido, notadamente a Irlanda, que também tem uma forte indústria de software, além da Inglaterra, com sua fortíssima indústria cultural, a Austrália com sua mídia, e a tecnologia inovadora de países como Japão e Coreia”, destaca Giardelli que acredita que todos precisam de liberdade para se relacionar com as ideias. Há mercado para o desenvolvimento deste novo capital das ideias, mas é necessário se perguntar se há interesse em se pagar pelo que se está fazendo. E esta nova fase de inovação, a partir das ideias diferenciadas, fomenta cada vez mais empreendedorismo e melhora a competitividade empresarial.
Numa visão mais ampla e moderna, John Howkins determina, inclusive, o que chama de princípios do ecossistema criativo em que todos são criativos; a criatividade requer liberdade; e a liberdade requer mercados. Esta nova era representa 7% do PIB global, atualmente, o que ressalta o quanto é lucrativo pensar, criar e gerar uma nova forma de atuar no mercado. “Economia Criativa num sentido amplo engloba tanto os segmentos classificados como indústrias criativas (arte, cultura, mídias, publicidade, software, design, artesanato, arquitetura e moda, entre outros), como também produtos e serviços em qualquer segmento que incorporam diferenciais competitivos construídos a partir da criatividade e do conhecimento, que resultam em valor percebido, definido como INOVAÇÃO. É claro que parte substancial vem da aplicação da tecnologia digital, mas isso não é tudo. Modelos de negócios, processos, formas de organizar pessoas, desenho da oferta, experiência de consumo e outros são atributos dessa nova era: a Era da Criatividade ou Economia Criativa”, diz Adolfo Menezes Melito, presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da FECOMERCIO-SP.
Uma boa ideia, uma grande marca, um trabalho de alta qualidade artística são os “produtos” de valor intangível. E desta forma, observamos uma nova forma de promoção de produtos e serviços. Este novo cenário ajuda a ampliar mercados e fidelizar clientes com a incorporação de elementos culturais e criativos e, com isto, gera outra cultural de negócios. E, sendo assim, passou a ser considerada uma grande estratégia de desenvolvimento para o século XXI. “Na verdade, o reconhecimento e o crescimento do setor tem haver com o comportamento do consumidor. Ou seja, a causa é o novo consumidor e o efeito é esse novo segmento para atendê-lo. Claro que existe uma retroalimentação nesse sistema. E, agora, os profissionais estão podendo apostar neste segmento. A oportunidade se encontrou com a criatividade e deste encontro nasce o incremento para este setor, que é um talento natural Brasileiro e, em particular, Pernambucano”, destaca Marcelino Granja de Menezes, o secretário de Ciência e Tecnologia (PE), para quem a economia criativa podem ajudar a transformar o mundo dos negócios e a vida das pessoas através da geração de renda e emprego de alto nível salarial. “As idéias ganham uma velocidade que antes não se imaginava e chega ao consumidor muito rapidamente e o empreendedor também tem rapidamente um retorno da impressão do consumidor e pode ajustar o produto e conquistar um mercado maior. Esse ciclo virtuoso gera renda e emprego tanto no núcleo criativo quanto nas atividades relacionadas e de apoio. Isso garante bons negócios e satisfação para as pessoas”, diz Menezes.

E isto não é por menos, afinal, são poucos os movimentos que oferecem oportunidades para diversas áreas e proporciona ainda o desenvolvimento de negócios criativos aliando simultaneamente o fator econômico e interação social. Ganhar e conquistar mercado apenas com a força das ideias é uma nova aposta que dá asas à imaginação de qualquer um. “O conceito de exercitar a imaginação, com base no conhecimento, e explorar o potencial valor econômico na aplicação desse infinito brainstorm já é amigo íntimo de todos que fazem parte do ‘mercado criativo’. A inovação se dá no fato de muitos profissionais e empresas terem estruturado o processo produtivo a partir de propostas inovadoras que dão um novo formato ao conceito de trabalho; ao agregar valores diferenciados em todo o processo criativo; e ao obterem resultados que superaram em muito as expectativas, chamando a atenção daqueles que transitam no mercado formal de trabalho. Ou seja, a atividade já existia de forma pouco percebida e aos poucos foi ganhando contornos próprios e obtendo resultados (conquista de espaço no mercado, investimentos, etc.), até que a os analistas de mercado e teóricos definiram e enquadraram o segmento como hoje é conhecido: Economia Criativa”, enfatiza André Medeiros da appnow | hot applications (PE).
* Parte da matéria de capa sobre “Economia Criativa” produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Junho/ 2013, número 159.
