Em 1983, surgiu uma expressão que mudaria o conceito de escritório como se conhecia: Escritório Virtual, com a ideia de que facilitar a estrutura e o acesso a contatos necessários numa relação de negócios, fugindo, contudo, da inflexibilidade de alugar ou montar um escritório completo. Este modelo alcançou o Brasil mais ou menos em 1994 e conquistou certo número de adeptos, porém, um novo formato vem ganhando cada vez mais adesão com uma proposta maior e resultados bastante atraentes para pequenas organizações e profissionais de diversas áreas. Este é o coworking que oferecem para os seus associados mais do que oferecer endereço comercial, escritórios estruturados e atendimento para recado.
“Logo de cara, o coworking traz a liberdade de ir e vir, de não se preocupar em ficar preso a um contrato de locação de vários meses em um imóvel ou conjunto comercial, livrando das preocupações com investimentos em infraestrutura, equipe, gastos fixos muito altos, manutenção, etc”, destaca Ana Vecchi, diretora da Vecchi Ancona – Inteligência estratégica (SP).
Para ela, uma das grandes vantagens desta proposta é que o espaço está para ser aproveitado quando for preciso sem exigir uma frequência ou altos investimentos e, desta forma, é ideal especialmente para as empresas iniciantes ou que não desejam apostar tempo e dinheiro em uma estrutura rígida. “O coworking, com uma infraestrutura comercial já pronta, ajuda na economia de tempo e de energia para quem está começando. Isso, aliado ao surgimento maciço de microempresas e à dificuldade de encontrar imóveis bem estruturados, bem localizados, a valores acessíveis, com bom custo x benefício, é sintomático no crescimento dessa nova estrutura de trabalho”, enfatiza ela.
Este crescimento é um quesito importante, pois pontua este novo movimento. A revista americana Deskmag, especializada em espaços de “coworking”, indicou a partir de uma pesquisa que 68% dos usuários se concentram melhor no trabalho e que 64% conseguiam cumprir melhor os prazos. “O Brasil se tornou muito mais empreendedor nos últimos dez anos. Esse modelo de escritório, que se baseia no compartilhamento de espaço e recursos de escritório, reúne pessoas que trabalham não necessariamente para a mesma empresa ou na mesma área de atuação, mas pode unir entre os seus usuários, os profissionais liberais e usuários independentes. Trabalhar em casa tem algumas desvantagens, como não ter com quem discutir ideias, falta espaço para receber clientes e alguém para consertar a impressora, entre outras. E talvez esse seja o grande pulo do gato”, comenta Luciana Boschi, diretora da Dom Graphein Consultoria (RJ), psicóloga especializada em Grafologia, Marketing e Administração Gerencial.
Compartilhado é melhor – Segundo a especialista, este é um movimento nascido com a globalização em que o compartilhamento vem de várias formas e com soluções bastante estratégicas para muitos profissionais autônomos. “Nessas estruturas, é possível alugar temporariamente uma mesa ou sala e trabalhar ao lado dos mais variados profissionais, estão brotando por toda parte para atender quem não têm escritório fixo. É uma solução para freelancers, start-ups e pequenas empresas, sem um aluguel muito caro e com o bônus de poder fazer networking. Incubadoras de startups, centros de negócios ou escritórios virtuais diferem do coworking, por não compartilharem dos aspectos social, colaborativo e informal. As práticas de conduta do coworking fazem com que este modelo se aproxime mais ao modelo das cooperativas, onde o foco não está apenas no lucro, mas também na sociedade”, ressalta Boschi.

* Trecho de Matéria sobre Coworking, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Junho/ 2014, número 170
