
Pesquisa IBR, da Grant Thornton aponta para baixa expectativa do empresariado quanto à rentabilidade, aumento de demanda e oferta de crédito nos próximos 12 meses. Incerteza econômica atrapalha investimento das empresas em áreas estratégicas como P&D e aquisição de equipamentos.
País é o quarto mais pessimista em relação a aumento de salário acima da inflação. O otimismo do empresariado brasileiro continua a registrar patamares muito baixos, atingindo o índice de -13%, apenas um ponto percentual acima do apurado no trimestre anterior de acordo com a pesquisa Internacional Business Report (IBR), realizada no primeiro trimestre de 2016, pela Grant Thornton. O estudo mensura a expectativa do empresariado para os próximos 12 meses. No ranking de otimismo, o Brasil ocupa a 11° entre 36. A nação mais pessimista é a Grécia, e a mais otimista, no topo da lista, é a Índia.
De acordo com a pesquisa, o Brasil é o terceiro país do ranking com mais empresários inseguros em relação à economia (70%), atrás apenas de Grécia e Botswana.
“O cenário incerto, tanto na perspectiva política quanto na econômica, leva a estas expectativas. A possível resposta é um aumento dos investimentos estrangeiros em ativos no Brasil como também uma propensão maior das empresas em se estruturar internamente para gerenciar a expectativa menos otimista do desempenho da economia, em termos de melhoria dos processos para ganho de eficiência e controles custos e gestão do fluxo de caixa ”, avalia Daniel Maranhão, sócio líder de consultoria e auditoria da Grant Thornton no Brasil.
A expectativa de rentabilidade das empresas caiu consideravelmente em relação ao último trimestre, passando de 39% para 27%, registrando queda de-12pp tanto no trimestre quanto no ano. Os empresários estão pessimistas também quanto à expectativa de encomendas: 45% deles esperam por redução na demanda nos próximos 12 meses, índice 6 pontos percentuais mais alto em relação ao último trimestre.
Apesar de o estudo registrar, na variação trimestral, queda no índice de empresários que consideram o custo da energia o principal entrave para os negócios – o percentual saiu de 57% para 51% – o Brasil é o segundo país que mais espera gastar com este recurso no próximo ano, ficando atrás apenas da Turquia por um ponto percentual, aponta o estudo. O crédito é outro fator preocupante. O empresariado espera redução na oferta de crédito no futuro próximo – a percepção sobre a escassez de recurso passou de 25% para 34%, configurando o pior índice desde o primeiro trimestre de 2012.
“Este cenário negativo traz à tona uma expectativa de redução de demandas e por consequência, queda na rentabilidade e aumento de desemprego. Além disso, o Brasil ainda continua sendo o país com custo da energia alto, o que impacta diretamente o custo de produção” analisa Maranhão.
Investimentos em queda – A pesquisa mostra a queda na expectativa de investimentos em áreas fundamentais para o desenvolvimento econômico como a de pesquisa e desenvolvimento – que passou de 33% para 20% -, e aquisição de máquinas e equipamentos, que baixou 13 pontos percentuais.
Os índices considerados pessimistas afetam também os colaboradores. A expectativa para os próximos 12 meses em aumentar salários acima da inflação foi de apenas 4%, quarto menor dentre os 36 países avaliados.
Prioridades – A prioridade para o ano segue focada em gerir adequadamente a produção versus a expectativa de vendas, que continua baixa, e oportunidades de anúncios como força de vendas. Segundo 54% dos entrevistados, os investimentos nos próximos 12 meses serão prioritariamente direcionados ao aumento da força de vendas; 47% apostarão mais no incentivo à produção e 21% no investimento em marketing.
