Apesar de lançar mão da tecnologia, o conceito de startup não é focado apenas neste único universo. Muitos dos empreendimentos estão investindo nos mais diversos segmentos. “A ABSTARTUPS (Associação Brasileira de Startups) entende que startup é uma empresa de base tecnológica, com um modelo de negócios repetível e escalável, que possui elementos de inovação e trabalha em condições de extrema incerteza. Nós, da appnow | hot applications, defendemos a ideia de que qualquer pequena empresa em seu estágio inicial, gerida à baixos custos, que desenvolva atividades ligadas à pesquisa e ao desenvolvimento de ideias inovadoras e que ofereça a possibilidade de rápida e consistente geração de lucros, pode ser considerada uma startup”, diz o publicitário André Medeiros, idealizador desta startup pioneira do agreste de Pernambuco, com o amigo e programador Gustavo Vilarim, encubada por uma aceleradora de Barcelona, a Bcause Lab.
Especializada em tecnologia mobile, conta com um grande sucesso o app Temporada na Disney (TND), que possibilita aos brasileiros escolher e reservar casas em Orlando. Uma ideia que tem ajudado turistas na trilha do sonho pela cidade encantada americana, com os expertises de Sabrina Campos e do programador Lucas De Carli. Mas, esta turma não para por aí e já desenvolvem outros três projetos encomendados por novos clientes e outros três solicitados pela aceleradora, além de dois projetos que já estão sendo produzidos e devem ser lançados no mercado ainda este ano.
Outra que navega na mesma vertente da prestação de serviço geral para o público é o Contra Criativos, criada há dois anos, por integrantes que compartilhavam experiência de mais de 10 anos no mercado publicitário.
“A verdade é que o Contra é um núcleo de profissionais autônomos criado para fazer da capacidade que dispomos de ter ideias, um ativo importante na geração de negócios. Diante disso, a gente sempre tem vários projetos em andamento, já que faz parte da natureza e do modelo de negócio usar o que aprendemos da experiência na área de comunicação e marketing para gerar diferencial real para um negócio, a ponto de poder dar ideias para vários outros novos”, destaca Luiz Carlos Pontes (PB), diretor de criação e um dos idealizadores da startup que trabalha atualmente o Rango.me (rango.me/reserva), uma ferramenta de eCommerce completa para restaurantes que já possuem o serviço de delivery, que permite a qualquer estabelecimento criar e gerenciar uma página personalizada com o seu menu online e começar a vender em alguns minutos, com direito a usar um endereço da web (URL) próprio, sem a necessidade de conhecimento algum em webdesign ou programação. E com o sucesso do negócio, apostam em outras possibilidades com quatro outras startups que seguem em ritmos e são de áreas diferentes: o Brainstore (shop.brainstore.cc), DodoFunding (http://signup.dodofunding.com), Rango (http://www.rango.me/reserva) e Logoblues (logoblu.es).

Com o objetivo de desenvolver conteúdos voltados para o público infantil, a Mr Plot (desenvolvedora de produtos digitais) também tem resultados animadores. Segundo o seu sócio Felipe Almeida (PE), são mais de 80 mil downloads através da AppleStore e Google Play atingindo mais de 30 países e com ranking de avaliação quase 100% em menos de 02 anos. “A Mr Plot visa criar novas mídias relacionadas aos anseios dos pais, educadores, terapeutas ocupacionais e principalmente do público infantil para se tornar referência através de soluções inovadoras. Começamos com desenvolvimento de aplicativos mobile: São mais de 10 apps do Bita nas lojas. O nosso novo projeto pode ser classificado como transmídia, pois nasce na plataforma de tablets e invade o segmento de audiovisual, através de clipe animado musical com intenção de viralização pela internet (www.bitaeosanimais.com.br)”, comenta ele que já adianta que se pretende agora criar de novos produtos, a partir de conteúdos próprios, valorizando seus personagens e séries, em virtude da expansão dos negócios na área de Cine-Vídeo-Animação, Jogos Digitais e Multimídia que revelam que o setor ainda reserva muitas oportunidades. “Os resultados iniciais são animadores e o desempenho bastante relevante em termos nacionais. Temos 5 mil fãs no Facebook, nosso canal no youtube tem mais de 60 mil views”.
Expansão acaba sendo uma grande meta de qualquer startup, que pode com isto ampliar sua atuação no mercado. Este é o caso, inclusive, da e-flows, uma startup que desenvolveu o sistema Taximov. “A e-flows foi criada, em julho de 2011, com o objetivo de oferecer soluções que minimizem o desconforto causado pela falta de mobilidade em grandes centros urbanos. O serviço de táxi foi a primeira solução desenvolvida. Estudamos o mercado de táxi e percebemos que São Paulo tinha uma grande demanda por esses serviços. Porém, muitas das necessidades dos passageiros, como disponibilidade, agilidade e atendimento personalizado, não eram adequadamente supridas. Apesar disso, nada de novo acontecia nesse mercado desde a década de 70, quando surgiram as rádio-táxis. Então, decidimos lançar o Taximov”, lembra Nathan de Vasconcelos Ribeiro, diretor-executivo da e-flows (SP). A iniciativa utiliza táxis credenciados que transportam um smartphone com GPS, localiza um carro livre logo que o passageiro solicita a corrida, mais próximo do endereço e envia um convite para aquele em um raio de até 5km. “Já temos mais de 3.000 passageiros cadastrados e mais de 500 taxistas ativos na região metropolitana de São Paulo. Nosso próximo passo é expandir o atendimento do Taximov para outros centros urbanos, como o Rio de Janeiro e Recife”.

Partindo de uma demanda conhecida ou não, algumas startups já carregam consigo o poder de crescimento, como é o caso do Nota Máxima que surgiu na identificação da dificuldade dos alunos em estudar sozinhos em casa. “Cada vez mais, os alunos do ensino médio tem dificuldades de estudarem sozinhos, de fazerem o ‘dever de casa’. Com a evolução da sociedade, as facilidades à informação que os adolescente têm gerou um ambiente de comodismo neles. Esse comodismo faz com o que os alunos ‘fujam’ quando desafiados. Por exemplo, se encontram um questão de matemática fora do ‘script’ que eles estão acostumados, eles não tentam resolver a questão, tirar a dúvida, preferem deixá-la em branco e esperar alguém resolver. Depois de resolvida, não repetem o aprendizado para consolidar o conhecimento”, menciona Bruno Coutinho, do Portal Nota Máxima (PE), um suplemento ao estudo na sala de aula., chamado ensino híbrido, que divide todos os assuntos em aulas específicas e por disciplina, acompanhando o cronograma de matérias do Enem e vestibulares. “Dessa forma, oferecemos uma videoaula de 20 a 30 minutos de revisão teórica do assunto. Trabalhamos toda a teoria do assunto. Após, ele baixa um e-book com 10 questões selecionadas pelo professor, sendo 3 questões fáceis, 4 intermediárias e 3 difíceis. Após tentar resolver essas questões, o aluno assiste as resoluções, através de videoaula com o professor, onde este vai abordar toda a teoria, dentro das questões”, segundo Coutinho, que informa que o trabalho em educação veio de um sentimento de poder universalizar e democratizar o ensino de qualidade.
De um jeito ou de outro todas essas startups trazem uma coisa em comum: a oportunidade de desenvolver algo com sua marca. “A vontade de empreender é algo muito pessoal, existem aqueles que vão pela oportunidade, pela necessidade ou pela paixão de empreender. No meu caso foi pela oportunidade e se tornou paixão. Mas empreender não traz a liberdade que muitos pensam, na realidade exige muito mais comprometimento e responsabilidade. Você sempre terá um patrão e quando você é o empreendedor o seu patrão é o cliente”, ressalta André Ferraz da Ubee (PE), um negócio pioneiro na américa latina, que oferece serviços ligados a tecnologia de localização indoor para smartphones e tablets. Ela foi desenvolvida a partir de uma plataforma voltada para potencializar o mercado varejista com uma forma inovadora de adquirir novos consumidores, conhecer seus hábitos de consumo e fidelizá-los. “Como somos uma startup e ainda estamos em busca de um modelo de negócios de sucesso, já não somos mais desenvolvedores de aplicativos para compras. Hoje nos posicionamos como plataforma de localização indoor (que é como o GPS só que para ambientes fechados), onde vários aplicativos podem usar essa tecnologia e a partir deles que nós trazemos conteúdo relevante para o consumidor, como ofertas”, revela Ferraz.
* Parte de matéria de capa sobre “Startup”, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Julho/ 2013, número 160.
