
É um fato. A situação da economia brasileira trouxe incalculáveis mudanças que até o momento são positivas. Transformou os consumidores mais exigentes. Eles demandam um grau de complexidade maior por parte das marcas em suas estratégias. “É um público mais exigente e com mais dinheiro para gastar, formado por pessoas que estão encontrando o luxo ao alcance das mãos. Esse público consome produtos de luxo exatamente porque passou a ter facilidade de acesso a eles. Se luxo é sinônimo de bom gosto, a nova classe consumidora tem bom gosto e quer usufruir disso”, lembra Alessandra Nutels – Diretora de Marketing e Comercial da Flu Look (AL), que sempre apostou em diferenciais e, por isso, tem sido pioneira em muitas iniciativas.
Primeira ótica no Brasil a receber a certificação ISO 9001, montou um dos melhores laboratórios ópticos do Nordeste e oferece seguro gratuito contra quebra, perda e roubo de óculos e relógios, além de manter uma equipe de consultores/vendedores técnicos ópticos, formados na própria empresa, para atender com excelência. “O Luxo é um prazer. O cliente de marcas de Luxo consome por prazer. Mas o Luxo é um negócio, seja para quem administra, seja para quem compra com objetivo futuro de revenda. Mas este tipo de compra (por investimento) é feito por uma minoria”, coloca Ferreirinha, que acredita ainda que todos podem acessar o Luxo, de uma maneira ou de outra. Para o especialista, há apenas uma diferença: os que compõem o topo da pirâmide têm maior acesso ao “luxo inacessível” e ao “luxo democrático” com muita freqüência, enquanto a classe média aspiracional o acessa, contundo com uma frequência menor. “É comum ouvir falar de uma pessoa que não é um consumidor tradicional de Luxo almejando um produto de Luxo. Isso exemplifica claramente uma característica do brasileiro: forte desejo. Além disso, o brasileiro não pensa no valor total do produto, e sim o quanto pode pagar por mês. E o parcelamento tornou-se obrigatório para as marcas de Luxo no Brasil”, pontua.
“O consumidor de luxo, no Brasil, está disposto a pagar por seus objetos de desejo, mesmo que seja pago em parcelas, o que realmente importa é a realização de consumir um produto de qualidade. O brasileiro também gosta de novidades e de mostrar que conhece os produtos mais recentes no mercado, por isso não acho que seja futilidade e sim um investimento em satisfação pessoal e inserção social”, comenta Andreia Alves, Supervisora Operacional da Oculum, que funciona desde 1998 e primeira empresa do ramo de óticas a trabalhar só com grifes de luxo, num universo com 26 mil empresas no país, de acordo com pesquisa feita pela New Sense, da Associação Brasileira da Indústria Óptica (ABIÓPTICA), em 2010.
Para ela, o luxo é um estilo mais do que uma maneira de “viver” que, neste início do século XXI, serve finalidades distintas há um público relativamente heterogêneo, pois, no fundo, sua variedade de oferta e formas de consumo reflete a própria diversidade da sociedade. “A exigência de padrões de qualidade e de produtos de excelência eleva o nível da prestação de serviço do mercado de uma maneira geral, aumenta a informação de cultura de moda do público, e consolida um crescimento econômico da Região, modificando o olhar de fornecedores e empresários de uma maneira geral para uma Região que só cresce e que tem um potencial consumidor muito grande”, afirma a profissional da empresa pernambucana como oito lojas e um público eclético (homens e mulheres, de variada faixa etária), preocupados com sofisticação, produto diferenciado e qualidade.

Atraídas pelo crescimento do mercado brasileiro as marcas internacionais desembarcam no país com muitas expectativas, mas lojas regionais também investem forte de olho neste potencial e com vista a este consumidor ávido, buscando estratégias adequadas para se firmar e conquistar o consumidor nordestino. “O consumidor cada vez mais surge de diferentes classes sociais que estão emergindo e ganhando muito dinheiro com os seus negócios. Acho que o mercado de luxo, acima de tudo é como se fosse um prêmio e um status que o consumidor se dá por ter trabalhado e conseguindo comprar um sonho. Por isto, atendemos ao cliente desde o momento em que ele entra na loja, até a instalação das luminárias. Sempre junto para o que o cliente precisar”, diz Maria Pimentel, sócia da La Lampe (PE), fundada em 1987, que introduziu um novo olhar para a iluminação residencial.
A empresa busca tornar-se referência nacional para arquitetos e consumidores, oferecendo soluções completas, do projeto a instalação, com uma linha de produtos em sintonia com as tendências internacionais, com o suporte de uma equipe especializada e preparada para atender um cliente sempre antenado com o melhor do design e que procura sempre o conforto e o bem estar em seu projeto de iluminação. “Hoje o consumidor La Lampe tem acesso a uma gama de informações muito maior, é um cliente que viaja e está antenado com o que existe de melhor no mundo. Consequentemente é um cliente com um nível de exigência muito maior do que a anos atrás”, revela. Por isto, aposta em propagandas em revistas da área de decoração, ações de marketing nas lojas espalhadas pelo Brasil e assessoria de comunicação.
“Hoje sabemos que esse mercado movimenta uma considerável quantia, e que corresponde a uma fatia que não pode ser desprezada pelos governantes do País. Aqui no Nordeste a importância deste mercado é crescente, vários empresários estão apostando neste mercado, quem ainda estiver vendo o nordeste como região de abandono está enganado aqui em Recife, por exemplo. O crescimento é muito superior a média do País e isso é uma realidade visível seja na construção civil com edificações acima de 5 milhões de Reais ou até mesmo nas revendas de automóveis importados que sempre apresentam seus melhores exemplares”, aponta Alan Santos Pedrosa, Diretor do Studio Premium, empresa da área de decoração que nasceu direcionada ao público AA, oferecendo peças exclusivas de renomados designers do mundo.
O negócio surgiu a partir de várias pesquisas de mercado e conversas com arquitetos locais, que ajudaram a identificar a necessidade de algo novo no segmento em Recife. Recém-inaugurado, o projeto atende um público oriundo dos bairros nobres da cidade pernambucana, na faixa de 30 a 55 anos, formado por empresários e admiradores de arte, impactados por matérias em revistas especializadas e eventos de gastronomia com chefs renomados, realizados na loja, a partir de convite pelo mailling (um cadastro de mais de 1000 profissionais e 5000 clientes potenciais).

De olho neste potencial, outro empreendimento diferenciado também surgiu com o propósito de atender exclusivamente a este nicho, com foco na personalização e exclusividade: a Dreams® By Lead!, agência especializada em eventos privados, criada por Carla Bensoussan da Lead Assessoria e as irmãs Denise e Jamine Tinoco da Party & Co. Nascida a partir da união de duas empresas, transformaram seus respectivos mercados de atuação em Pernambuco para trazer uma nova que se baseia na excelência, qualidade, organização, profissionalismo e bom gosto em festas particulares. “O segmento de luxo teve um crescimento de 60% nos últimos cinco anos. As pessoas estão cada vez mais focadas em seus compromissos. Sendo bem sucedidas, tem pouco tempo. Por esse mesmo motivo, podem delegar a organização de suas datas festivas a uma empresa séria e comprometida, que vai realizar este sonho nos mínimos detalhes, com o plus de transformar o anfitrião em convidado da própria festa”, diz a sócia Carla Bensoussan, líder em relações públicas e eventos corporativos no Nordeste, para quem há uma incompatibilidade na realidade cotidiana do público que atende.
Para a empresária, o mercado de luxo cresce exponencialmente, assim como as oportunidades neste nicho. Desta forma, a demanda exigiu o surgimento de uma cobertura operacional e de estrutura de fornecedores e outros produtos e serviços que atendessem a necessidade desta área de negócios. “Hoje, é seguro que temos profissionais, equipamentos e fornecedores com capacidade competitiva para produzir qualquer evento, tanto no âmbito corporativo, quanto privado. Talvez ainda falte para alguns consumidores entenderem que internamente pode-se encontrar soluções sem ter que procurar o Sudeste”, frisa.
* Parte de matéria de capa sobre Marketing de Luxo, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Junho/ 2012, número 147.
