
Na rota das marcas de Luxo, Brasília lidera o ranking e Belo Horizonte também desponta entre as cidades, embora ainda entrem neste cenário Salvador, Recife, Curitiba e Porto Alegre. “Aqui no Brasil existem produtos de marca de luxo, praticamente desenvolvidos unicamente para o nosso mercado. São produtos mais simples e mais baratos, no entanto, com a marca de luxo que todos desejam”, diz Americo Neto, Diretor de Atendimento da Viamídia Publicidade, para quem o público que consome tanto produtos de luxo busca diferenciais concretos. “Quem compra, quer primeiro qualidade e busca por produtos teoricamente melhores. Depois, pelos valores agregados às marcas como: estilo, status, ascensão social. E principalmente: pelo sonho!”.
Hoje, as marcas de luxo estão descobrindo novos clientes para seus produtos no Brasil, oferecendo a estes consumidores com poder aquisitivo alto a oportunidade de adquirir produtos de primeira linha sem sair do país ou mesmo do seu estado. Desta forma, percebe-se uma nova faceta deste mercado de luxo, a de que ele não precisa ser exclusivo e de difícil acesso, uma vez que hoje há diversos produtos para aquele consumidor que quer ter acesso à marca. “O mercado do Luxo está crescendo em todas as regiões. São Paulo ainda domina o mercado, mas não é o único local onde se acessa o Luxo, como já chegou a ser. Não que o mercado em São Paulo tenha diminuído, pelo contrário, mas há clientes em todas as regiões do Brasil, e as marcas perceberam isso. O Nordeste teve um crescimento muito significativo nos últimos anos, com investimentos públicos e privados que impulsionaram o consumo na região”, comenta o consultor Carlos Ferreirinha, diretor da MCF Consultoria &Conhecimento.
Este mercado está ainda muito concentrado, normalmente, em regiões mais desenvolvidas, como Rio de Janeiro e São Paulo, representando um setor importante de crescimento e rentabilidade. Mas as empresas estão em busca de novos públicos e enxergam, no Nordeste, um mercado bastante promissor, tendo Recife como um dos principais focos por sua força cultural. “A busca por novos mercados, a crise Européia, a identificação do Brasil como um dos maiores consumidores de luxo intensificou a vinda dos principais grupos para o Brasil. A economia interna também prosperou e houve ascensão de classes sociais bem como enriquecimento das mais altas. Dessa forma, artigos de luxo também são utilizados para enfatizar esse ‘poder’ bem como a busca pelo luxo exclusivo utilizado como forma de diferenciação e prestígio. Sem dúvidas, esse desenvolvimento de novos mercados reflete no crescimento geral da região e coloca o Nordeste numa vitrine importante de valorização e desejo”, pontua a empresária Juliana Machado, Diretora Comercial e proprietária da Adom, negócio que funciona há dois anos em requintado endereço na elegante Zona Norte do Recife.

Realmente, é na virada desta onda que os negócios em especial no Nordeste estão cada vez mais se internacionalizando. Um exemplo disto é a instalação recente na capital pernambucana de diversas marcas de conceito na nova etapa do Shopping Recife entre as 56 novas lojas que aportaram naquele mall, como a M.A.C. (a gigante canadense de maquiagem), Adom Invités (moda masculina e feminina), Granado (cosméticos), Accessorize (a londrina de acessórios), Bobô, Carlos Miele e Constança Basto, além do projeto inovador da ChiliBeans Concept, que comercializa guitarras, mochilas, tênis, sandálias e bicicletas, somados à sua linha de óculos e relógios. O novo Rio MarShopping, previsto para ser inaugurado em outubro, recebeu investimento de R$ 600 milhões e quer se posicionar como o maior centro de compras do Nordeste. Embora não seja um empreendimento de luxo, terá marcas como Cavendish, Spa Loccitane e a Companhia Athletica, uma nova academia de luxo entre suas 476 lojas.
Contudo, muitos outros negócios estão prosperando com uma marca própria com alto padrão, que traz conceitos elevados para os consumidores. “Posso intuir que o mercado de luxo aqui no Nordeste é restrito às classes mais abastadas, direcionada para um público que ascendeu socialmente, são empreendedores que cresceram junto com a economia brasileira nesses últimos dez anos de pujança financeira e que nos consagra como nação economicamente emergente. Empresários, comerciantes, médicos, advogados, publicitários, designers, dentistas e engenheiros; eu digo que é nova classe B, uma vez que a classe média foi dissecada em quatro sub-classes e deixou de existir informalmente. A classe A e AA sempre fizeram parte disso. São pessoas críticas, muito bem informadas, conectadas com a tecnologia e que não estão efetivamente em busca de status e prestígio social. São consumidores que anualmente viajam para o exterior, conhecem muito bem os produtos, as marcas e querem melhorar sua qualidade de vida, buscando conforto e privacidade; muito diferente do consumidor do luxo de 40 anos atrás que queria exaltação e prestígio”, destaca Rodrigo Stéfani Correa, coordenador do grupo de pesquisas em Marketing de Luxo da UFPE e professor adjunto do Departamento de Comunicação.
O especialista em Gestão de Marketing e da Comunicação Rodrigo Stéfani Correa define quatro fatores determinantes para o crescimento deste segmento atualmente: a economia em desenvolvimento; as facilidades proporcionadas pelas linhas de créditos, que são uma característica única e exclusiva do país; a estabilidade econômica que é uma segurança para investimentos exteriores; e a mudança de foco das marcas internacionais que começaram a enxergar no Brasil um nicho interessante de possibilidades. “As grifes de Luxo não conseguem expandir seus negócios na Europa que, apesar de ser um mercado maduro, sofre com os reflexos da crise econômica deixando os consumidores em estado de alerta. Além disso, estamos vivenciando uma inegável transição de classes econômicas que estão ascendendo no Brasil, a economia é favorável e existe um clima de estabilidade que perdura por mais de 10 anos avalizando a operação de marcas estrangeiras em solo brasileiro. A classe média tem maior acesso aos produtos de luxo que, ao consumirem esses produtos, simbolicamente demarcam sua ascensão social”, comenta Correia.
* Parte de matéria de capa sobre Marketing de Luxo, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Junho/ 2012, número 147.
