Parafraseando slogan de campanha de uma rede a cabo, “o mundo é dos Nets”, ou mais especificamente daqueles conectados com a TV fechada e a internet. Pode até parecer chover no molhado, mas estes são alguns dos elementos de valorização da qualidade de vida e do entretenimento prezado pelos consumidores. Algo que tem influenciado bastante o cenário que encontramos hoje em dia. Indicadores da mais recente edição anual do estudo TV & Media – produzido pelo ConsumerLab, área da Ericsson que estuda o comportamento do usuário –, apontou que o número de usuários preparados para pagar pelo acesso ao conteúdo em qualquer dispositivo aumentou 25%, mostrando um crescimento na vontade de pagar por “acesso em qualquer lugar”, em apenas dois anos.
E diante disso temos um volume cada vez maior de usuários (75%) que assiste a conteúdo programado por eles, várias vezes por semana. Da mesma forma, temos uma queda no Brasil de 81% para 73% (no comparativo com 2013) dos telespectadores que assistem a programação tradicional de televisão no Brasil. “De todas as mídias, a TV será a que tenderá a assumir grandes transformações, principalmente, no advento da TV Digital, que irá unificar e potencializar o consumo. TV e Internet estarão unificadas”, comenta Leonardo Vasconcelos, diretor de criação da MV2 Comunicação (PE).
Para o publicitário, como o consumidor está cada vez mais inteligente e ciente daquilo que precisa para viver dentro dos padrões estabelecidos por ele para ser feliz, trabalha agora para alcançar um único foco: o bem estar. “Os produtos e serviços terão o mesmo rumo, só serão aceitos se ajudarem de alguma forma a melhorar a sua qualidade de vida, proporcionando felicidade”, destaca. E com isto estamos nos dirigindo a uma era de entretenimento de alta qualidade on demand (programação sob demanda, que pode ser assistida na hora desejada), de acordo com o que aponta o estudo. Neste caso, impera uma tendência maior pela busca do usuário por criar o próprio conteúdo ou definir sua grade personalizada.
Esta mudança no comportamento do usuário tem influenciado e motivado inovações nas indústrias de TV e mídia, induzindo a um distanciamento dos formatos antigos e modelos de negócio, que estão se adequando cada vez mais à postura do “Eu escolho” do consumidor. E é ai que entra também a internet, que deve ser entendida mais do que nunca como uma das mídias com alcance mais rápido, assertivo e de fácil mensuração. “O meio internet irá atingir um grau de maturidade nunca antes vista em outros meios, e irá sofrer grandes mudanças que irão influenciar o comportamento da propaganda em geral. Ações promocionais também deverão assumir um papel importante, só que estarão mais alicerçadas estrategicamente e totalmente unificadas com a tecnologia”, enfatiza Vasconcelos.

Esta rede de conexão global possui diversos influenciadores e gera mudanças muito rapidamente, uma vez que se tornou o meio de comunicação mais importante da atualidade. E, desta forma, virou um dos maiores agentes da transformação das relações de consumo, mudando, significativamente, o comportamento do consumidor. Isto se aplica sobretudo no que diz respeito aos mais jovens, segundo a presidente da Shopper Experience, Stella Kochen Susskind (SP), que coordenou um estudo online informal com 500 clientes secretos para avaliar a relação do brasileiro com a questão. “Na prática, o brasileiro – até então easy grader (fácil, em regra geral), tolerante e paciente – passou a ter consciência dos seus direitos seja com relação à qualidade do produto, seja com relação ao atendimento. Além de reclamar, esse consumidor propaga sua opinião, positiva ou negativa, em redes sociais”, destaca a especialista.
Isto por que o cliente busca como nunca antes construir e afirmar sua identidade e as marcas se tornaram poderosas aliadas nesse processo de expressar a personalidade individual, de acordo com cada classe social, inclusive, para Susskind. E para tanto as empresas, em especial as tradicionais, estão buscando os caminhos para se comunicar e atender os anseios desta demanda carente e latente. “Os novos consumidores demandam das marcas centenárias um novo posicionamento; um comportamental mais alinhado aos hábitos de consumo de novos formadores de opinião. Muitas grifes têm investido em estilistas vanguardistas como estratégia para dialogar com esse público”, afirma Stella.
Uma mensuração e um feedback muito realizado através das mídias sociais. E, desta forma, a tendência será aumentar ainda mais a sua usabilidade e poder de influência na vida do consumidor brasileiro.
E isto não é a toa. Afinal, se tomarmos como base a relação que o internauta mantém hoje com as novas tecnologias, o futuro será integralidade total e automática, em que o mundo offline poderá ser apenas uma mera lembrança. “Um em cada três brasileiros consome pelo menos duas horas de internet por dia e navega em sites, blogs e aplicativos por pelo menos quatro aparelhos diferentes”, enfatiza Marcelo Pimentel, diretor da Faculdade Santa Helena (PE), que destaca que estudos revelam que a internet já é o meio de comunicação mais importante para a população no geral.
* Parte de Matéria sobre inovação na comunicação, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Janeiro/ 2015, número 177
