“Quem não se comunica, se trumbica”, já dizia o velho comunicador global Chacrinha, em seu programa há mais de vinte anos atrás. E é esta realidade que a pesquisa “Retrato da comunicação interna nas empresas de Pernambuco”, desenvolvida pela Signo Comunicação este ano, apresenta para o mercado. Os resultados deste estudo foram apresentados para grupo de profissionais de RH e comunicação no dia 05 de dezembro, no auditório da Celpe, no Recife, durante evento de celebração dos oito anos da empresa de comunicação estratégica: o seminário “O Valor da Comunicação Interna”. Uma mesa composta por nomes expressivos hoje no cenário empresarial e de comunicação refletiu um pouco sobre como as empresas estão se comportando atualmente e como passaram a se adaptar frente às novas necessidades do seu principal público: o interno.
A pesquisa foi realizada pela agência durante o 8º CONGEPE – Congresso sobre Gestão de Pessoas de Pernambuco, no Recife, no início de novembro, que reuniu profissionais de Recursos Humanos/ Gestão de Pessoas de empresas do Nordeste. Realizada num universo de cerca de 200 pessoas de diferentes cargos, atuando em empresas de segmentos bastante diversos, mostrou que 90,2% das organizações fazem gestão de comunicação interna. Das que investem nesta ação, 11,8% fazem uma avaliação excelente, 58,3% boa, 25,2% regular e 3,5% ruim. Além disso, a pesquisa apurou que 50,6% das empresas têm um orçamento específico para comunicação interna, enquanto 30,1% não têm e 19,3% não sabiam responder a pergunta. Em sua maioria, a comunicação interna está alinhada aos objetivos estratégicos da empresa de acordo com 78,8% dos entrevistados e 15% não, mas 6,2% não sabiam responder.
Contudo, um problema muito grave foi constatado no resultado final. Apesar dos objetivos serem atingidos para 83,8% dos entrevistados contra 16,2% que disseram que não, 54,9% dos entrevistados afirmaram que suas empresas não aferiam o cumprimento dos objetivos da comunicação interna. “A nossa pesquisa mostra que as empresas já estão trabalhando de forma positiva em termos de gestão. E este é um processo de amadurecimento, porque as organizações perceberam que precisam investir neste trabalho. Consequentemente, há uma maior demanda de mercado para as agências de comunicação”, diz a sócia-diretora da Signo Comunicação, Ana Aragão.
Nunca antes no processo das corporações públicas e privadas este target foi tão importante quanto hoje e isto tem influenciado inclusive o valor das empresas no mercado. “Os índices de rotatividade de algumas empresas diminuíram, porque estão levando a sério o clima do mercado. Com isto, as melhores empresas para se trabalhar hoje são aquelas que conseguem atrair e reter com facilidade seus talentos. Elas se tornaram melhores investimentos no mundo dos negócios, valorizando suas ações. Isto acontece porque seu capital humano é estimulado e trabalha com mais disposição, o que implica em resultados melhores”, destaca a Diretora de Redação da Você S.A/ Exame – Guia Melhores Empresas para trabalhar, Juliana Di Mari.
Numa equação simples a valorização das empresas é o somatório de mudanças de postura e comunicação transparente com seus colaboradores é o que mostra a pesquisa e resultados claros apresentados neste seminário pelo Grupo ABA e a multinacional Walmart. Com a conquista do primeiro lugar em 2011 do título de Great Place to work em Pernambuco, pelo instituto americano homônimo, a Associação Brasil América lança mão de uma receita muito simples: gestão de pessoas, pautada por cinco dimensões (credibilidade, respeito, imparcialidade, orgulho e camaradagem). “Maior preocupação no nosso processo de trabalho é o desenvolvimento e a liderança, repercutindo os valores da organização. Isto é feito com reuniões freqüentes e aproveitando com maior ênfase o potencial de cada gestor, dando-lhe liberdade de trabalhar de acordo com um modelo que melhor se adéqüe ao seu estilo”, diz o diretor executivo da ABA, Eduardo Carvalho, que destaca que a organização pernambucana promove um trabalho para que os gestores tenham uma atitude de lideres, com vertentes simples mas importantes: conquistar a confiança do funcionário; proporcionar orgulho no que fazem e de integrar a corporação; manter simpatia entre os colegas; e mostrar o capital humano como uma parte fundamental da organização.
Valorizar os funcionários também é a marca principal do Walmart desde o princípio da sua fundação pelo visionário Sam Walton, para quem os funcionários eram os melhores geradores de idéias. E desde então esta tem sido a base do trabalho interno do Grupo, que aposta na cultura de comunicação e num ambiente informal e aberto entre líderes e equipe. Atuando em 18 estados e no Distrito Federal com 508 lojas e nove bandeiras, o grande desafio é alinhar os valores, fortalecer a comunicação da liderança e desenvolver canais de informação e diálogo e conteúdos corporativos para 87 mil colaboradores. “Antes de tudo, preparamos os líderes de todos os níveis hierárquicos para deixá-los aptos a fazerem as comunicações. Este trabalho é um tipo de media training para fazê-los simplificar a comunicação para melhor entendimento e estimular cada vez mais sua comunicação face a face com seus grupos de trabalho e com transparência”, comenta a Gerente de Comunicação da Walmart, Patrícia Noblat, que ressalta a forma das ferramentas utilizadas pela multinacional: revista corporativa (Nossa Gente), Intranet, Totem eletrônico, Diário de Viagem, Boletim Semanal, Newsletter Integração, Informativo no contracheque e TV Corporativa, que hoje é sua principal estratégia.
* Matéria produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Dezembro/ 2011, número 141.
