Esta é realmente uma tendência que traz diversas opções e que surgiu de forma bastante peculiar e foi se desenvolvendo no começo dos anos 2000. O termo coworking foi criado em 1999 pelo americano Bernie De Koven, um designer de game que desenvolveu a expressão para descrever o trabalho colaborativo apoiado pelo computador. Mas, em 2005, passou a ser usado por Brad Neuberg para explicar o espaço físico com compartilhamento de área e de esforços, a partir primeiramente da própria iniciativa: o “Hat Factory”, um local de trabalho montado em um apartamento em São Francisco onde atuavam três profissionais de tecnologia. Um ambiente que abria suas portas durante o dia para autônomos que precisavam não só de um lugar para trabalhar como ainda compartilhar experiências.
Muitos dos fundadores deste sistema como o conhecemos hoje foram empreendedores independentes da tecnologia, que buscavam locais de trabalho alternativos aos cafés e às suas próprias casas. E, por isto, o Coworking Europe Conference aponta a existência de mais de 350 organizações deste tipo atualmente, que agregam quase três mil espaços pelo mundo, em seis continentes, que despontam como um excelente exemplo de economia colaborativa. Uma nova indústria que tem ampliado nos últimos anos e vem crescendo progressivamente, e cada vez mais.
No Brasil, naturalmente, este modelo ganhou adeptos e já conta com uma média de 150 espaços e coworking. “Esta é uma nova forma de trabalhar e fazer negócios. Pessoas de diferentes áreas de atuação, backgrounds e interesses trabalham, convivem e compartilham o mesmo espaço de trabalho, aumentando a capacidade de geração de negócios entre os “coworkers”, interação, colaboração em vez de competição. Em última instância, o Coworking ajuda a aumentar a qualidade de vida das pessoas”, diz Alfredo Júnior (PE) do Impact Hub, que está presente em mais de 60 cidades pelo mundo.
De acordo com mapa criado pelo site Movebla (http://www.movebla.com), que se foca no trabalho remoto, a maioria desses ambientes neste cenário estão localizados no Sul, Sudeste e Centro-oeste, mas já mantém presença progressiva no Nordeste e está despontando ainda no Norte do país. “As pessoas estão começando a perceber que, em muitos casos, elas não precisam de um escritório particular ou uma estrutura física fixa para trabalhar. Esse modelo custa muito caro e muitas vezes inviabiliza a criação de um novo negócio ou dificulta o crescimento de uma empresa nova. Espaços como o Impact Hub Recife foram criados para que essas pessoas não precisem se preocupar com absolutamente mais nada que não seja o seu negócio. Além de serem bem mais econômicos, oferecem uma série de produtos, serviços e comodidades que elas não encontram em escritórios comuns”, comenta Júnior.

A questão da estrutura é uma particularidade essencial no que diz respeito a este modelo de trabalho. Afinal, um dos grandes empecilhos no dia a dia profissional é administrar os detalhes do negócio, a execução do serviço e manter tudo afinado no ambiente para não atrapalhar o andamento do processo como um todo. “Há muitas vantagens na adoção do coworking, como a diluição dos custos com outros coworkers, a possibilidade de fazer networking em seu local de trabalho, usufruir de toda a estrutura de um escritório de alto padrão, possuir apoio de secretária e serviços como motoboy, impressões, scanner e no caso do Hilo Coworking estar no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, que é um local super gostoso para almoçar, passar o dia e para fazer happy hour”, destaca Daniela Lorenzetti (SP), uma das sócias do Hilo Coworking, inaugurado a pouco mais de um mês.
Segundo a empresária, esta é uma tendência que vem crescendo muito em virtude do aumento do número de startups e profissionais liberais em busca de independência de horário e um estilo de trabalho sem vínculo empregatício. “Os profissionais que estão usufruindo são empreendedores que estão abrindo novas empresas e profissionais liberais, tais como designer, arquitetos, que precisam de uma estrutura flexível e moderna para se inserir. E, dependendo do ambiente, obtém infraestruturas com possibilidade de alugar desde um espaço em uma mesa por um dia, semana, mês e ano até alugar uma sala para a empresa por tempo determinado. Contará também com infraestrutura para reuniões e workshops, com salas planejadas exclusivamente para receber empresas que precisem fazer conference call até grandes apresentações”, pontua.
É desta forma que o coworking se torna a melhor alternativa, por exemplo, para uma startup que poderá contar com tudo que é necessário para a estruturação do negócio. E pode parecer um mero detalhe, mas é uma questão importante que contribui para o seu crescimento. “O mercado está amadurecendo para relações de negócios mais rápidas, modernas e sem burocracia. O Brasil é o país que tem mais empresas com certificação ISO e será o maior país com empreendedores do mundo. Os brasileiros são o que mais investem em ter o seu próprio negócio e agora estão tendo uma visão mais global, principalmente com o aquecimento de startups, o que vai permitir ir mais além nos negócios”, ressalta Sidharta Costa Pinto (BA), CEO fundador da Oxy Aceleradora e que integra ainda um espaço coworking.

Para ele que está à frente desta que é a primeira aceleradora de Startups da Bahia, o mercado só tem a ganhar com espaços coworking, tanto os empreendedores quanto os profissionais. E com isto podemos já observar um novo movimento empresarial. “Eu diria que nos últimos dois anos está se desenvolvendo um ‘ecossistema’ expirado obviamente em mercados maduros como EUA e Europa, formado por espaços coworkers, aceleradora, instituições de fomento (como Endeavor, Anjos do Brasil e outros), associações desses segmentos (startups, investidores, anjos investidores, etc), prestadores de serviços especializados, profissionais, apoio e fomento do Governo Federal, Estadual e Municipal, empresas”, enfatiza Pinto.
* Trecho de Matéria sobre Coworking, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Junho/ 2014, número 170
