Ter consciência das próprias responsabilidades e batalhar para conquistar os próprios objetivos é uma das grandes lições de Camila Porto de Camargo, um dos grandes nomes do marketing digital e talvez um dos maiores destaques quando o assunto é Facebook. Também pudera, ela pesquisa o assunto a fundo, trabalha profundamente esta mídia e repassa seu conhecimento em cursos para empresas, estudantes e público geral interessado em desvendar esta que é considerada hoje a mais ativa rede social online do mundo, com uma média de 1,35 bilhões de usuários no mundo e de 51,5 milhões no Brasil. Sua trajetória é tão atípica quanto a da própria rede e, assim como a história de cinema, é inspirada naqueles que estão ao seu redor. “Minha mãe é uma pessoa que me influenciou na sua trajetória profissional. Ela trabalha há anos na mesma empresa e com a mesma dedicação. Me inspira a paixão que ela tem pelo trabalho dela e como ela faz o máximo que pode para executar suas tarefas sempre entregando mais do que é pedido. Tento seguir esse mesmo exemplo no me dia-a-dia”, diz Camila.
Esta inspiração a levou a desenvolver uma carreira ativa com diversos trabalhos diversificados na área. Formada em Comunicação Institucional na UTFPR, ela fez especialização em Marketing na PUC-PR e começou sua carreira na internet, em 2008, atuando no Grupo NZN, dono dos sites Baixaki, Tudo Gostoso, SuperDownloads, Baixaki Jogos, Minha Série e Mega Curioso. “Foi quase sem querer. Enquanto estava na faculdade tive a oportunidade de trabalhar no Baixaki, um dos maiores portais de tecnologia e conteúdo hoje. Entrei lá para trabalhar com redação. Na faculdade sempre me interessei muito pelas disciplinas e marketing. Acabou sendo um conjunto de coisas: meu trabalho, o que estava vendo na faculdade e o crescimento de eventos e informações sobre esse tema, isso em 2009. Acho que ‘surfei’ a onda e consegui me inseri no momento e hora certa”, lembra Porto.
A partir daí, o caminho seguiu seu fluxo com sua integração na startup Compra3 (2010), pioneira no conceito de cashback no Brasil, e posteriormente com o empreendedorismo no marketing digital e no Facebook Marketing como fundadora da .Com/teúdo, por exemplo. Uma história marcada por uma dedicação profissional que apreendeu ainda na adolescência com as próprias experiências. “Quando prestei vestibular para Direito, ia para o cursinho, mas não estudava o que precisava. Na hora da prova, obviamente não passei e perdi um ano de estudo, justamente por não estudar. Isso me marcou porque percebi quanto o tempo é valioso e não conquistar o objetivo foi 100% culpa minha. Desde então, tento aproveitar o máximo do meu tempo e não procurar culpados para quando as coisas não dão certo”, comenta.
Pode se dizer que este foi start para que ela passasse a se empenhar cada vez mais em tudo, e aí o trabalho enveredou para outros papeis como o de colunista do iMasters, E-commerce BR e TechTudo. Junto a isto tudo veio a preocupação do repasse como professora em cursos de marketing e empreendedorismo e de Facebook (com diversas vertentes voltadas para empresas) e ainda como autora de livros como “Facebook Marketing: Como gerar negócios na maior rede social do mundo”. “Empreender é empreender, o que varia é a forma que você usa os canais para promover seu negócio. Empreender no Facebook é usar seus recursos para criar audiência, divulgar o que você faz e criar uma comunidade ao redor do seu negócio. O Facebook é um canal para isso”, diz.
Ela acredita que o destaque do seu trabalho é a preocupação sincera em transformar a vida das pessoas, uma característica importante no conceito desta jovem profissional que vê esta essência do empreendedorismo mundo afora nas suas mais variadas facetas. Neste sentido, diversas pessoas lhe influenciam. São cidadãos comuns, atletas e líderes da sua área cujas atividades aprecia e lhe inspiram, como o escritor e a vlogueira norte-americanos Tony Robbins e Marie Forleo, e os empresários brasileiros Flávio Augusto e Luiza Helena Trajano. “Vários profissionais vem e vão todos os meses. Os que ficam, percebo que tem esse elemento em comum. Além disso, identifiquei uma oportunidade e sempre dei o meu melhor, seja produzindo conteúdo, seja atendendo meus alunos”, enfatiza.
Os exemplos no mundo e no país mostram que estamos num período propício ao desenvolvimento do próprio negócio, e saber a forma adequada de usar ferramentas como o Facebook, especialmente com criatividade são premissas fundamentais. Mas não são todas as marcas e empresas estão acertando o trabalho, na avaliação da especialista. “O mais importante é incluir o Facebook como uma ferramenta estratégica na empresa. Muitas acham que fazem Facebook Marketing contratando alguém para ‘postar x vezes por semana’ e só. Quem está se destacando usa o Facebook para tirar dados relevantes não apenas para o marketing, mas para toda a empresa”, ressalta. Neste caso, ela pontua que há várias formas de aproveitar a rede, inclusive aproveitando-o como uma fonte de dados e de relacionamento a partir da análise de mineração como cidade, idade, gênero e gostos.
Diante deste cenário é possível desenvolver o plano para uma comunicação assertiva e apresentação de novos produtos junto aos fãs, clientes e futuros clientes. Contudo, também é essencial que as empresas definam a forma de contato para que não seja unilateral. “Muitas empresas vendem ou comunicam o que elas acham importante e não o que o cliente quer saber. Vejo que as marcas estão evoluindo da visão do Facebook como um panfleto para fazer propaganda para conversar com os seus clientes. Isso é uma mudança que já está acontecendo em empresas de todos os portes”, comenta ela, para quem um ponto importante é ter um bom produto ou serviço. “Se ele de fato ajuda a resolver o problema do cliente, já é um bom caminho percorrido. Também é importante saber o que interessa para o cliente sobre o que você faz ou vende”.
A questão da comunicação das empresas, sua evolução e a forma de contato direto com o público é algo muito forte a ser analisado numa época em que a mídia está repleto de memes, piadas estratégicas e outras investidas que acabam se tornando virais impactantes na rede. Mas, até que ponto essas ações são interessante e até onde os compartilhamentos, as discussões de questões controversas (como sexo, comportamento e religião) e inclusive os populares selfies são recomendados ou são excessos? Bom, para ela, toda a variedade da internet e suas múltiplas oportunidades podem se perder neste mar de possibilidades e de exageros se não forem tomadas as devidas cautelas. “Os memes são construídos pelas pessoas. O interesse coletivo em determinado tema é que torna um conteúdo viral. O excesso é algo muito particular, uma régua que cada pessoa têm baseada em sua tolerância ou interesse no tema. Existem pessoas que não se cansam de falar de futebol e há quem não queira nem saber disso”, comenta.
E aí vem a grande mágica da ferramenta, de acordo com Porto, os filtros. Esta alternativa é um dos grandes diferenciais do Facebook, uma vez que cada pessoa pode determinar em parte o conteúdo que deseja acompanhar e as pessoas que podem interagir consigo. “A beleza do Facebook, por exemplo, é que você tem total controle sobre o que quer ver, que pessoas acompanhar ou não. Por um lado, isso permite que você filtre. Por outro, pode colocar as pessoas em uma bolha onde elas terão sempre mais do mesmo. Neste sentido, toda a variedade da internet e suas múltiplas oportunidades podem se perder”, diz. E isto é importante quando falamos de um universo em que 80% dos internautas usam a rede social com frequência, apresentando um ampla quadro de dados de comportamento e em que registramos tantas mudanças.
Mudanças estas, inclusive, que não podemos mensurar até onde chegará, diante do cenário que encontramos hoje. Mas, uma coisa é certa o Facebook ainda continuará ativo e cada vez mais integrado aos seus seguidores e as demais mídias sociais, especialmente como referência de comportamento, na opinião de Camila Porto de Camargo que é um exemplo de que a vida é dura para quem é mole: “É muito difícil prever o futuro do Facebook, pois a internet é um ambiente muito dinâmico, e quando envolve bilhões de pessoas ainda mais. Acredito que o futuro do Facebook seja a de criação de microrredes, onde cada usuário terá um Facebook próprio, com seus filtros de conteúdo. Diferentemente de outras redes sociais que fizeram sucesso antes de 2010, o Facebook foi feito para ser grande e duradouro e não acho que ele vá acabar tão cedo. O que teremos sempre são redes de nicho ou específicas complementando o poder de conexão do facebook, como temos com o Instagram e WhatsApp, que foram comprados pelo Facebook”.
* Matéria perfil, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de dezembro/ 2014, número 176
