
Na “Nova Era das Tecnologias” parece que vale de tudo. Estar conectado é brincadeira de criança, que qualquer um pode desenvolver. Sim, em tese. As redes sociais podem ser um bom negócio se partir um planejamento estratégico, assumindo a realidade de que cada caso é um caso e que as experiências são diferentes para cada empresa, especialmente num país como o Brasil que já é o quarto do mundo em que os internautas interagem com as marcas. E esta preparação deve tomar o tempo que for necessário e deve partir do pressuposto de que nunca estará pronta, porque as redes sociais são uma caixinha de surpresas e nunca se sabe o que vai acontecer. Desta forma, observar e analisar o que anda rolando na rede é o melhor termômetro para interagir com o internauta, contornar crises de imagem e prever possíveis tendências. “Não se pode prever se não se apurar constantemente. É imprescindível analisar padrões e possibilidades sobre diversos assuntos, com um olhar diferenciado, para poder compreender e detectar o que há por vir. Mas, já podemos destacar que o que está no mercado hoje estará ocupando o mercado nos próximos anos. Contudo, conteúdo para social commerce é uma grande tendência. Na verdade, neste momento, não se pode ver uma coisa isolada. O contexto é rei dentro das mídias sociais e do e-commerce”, frisa Manoel Fernandes.
Não monitorar a rede é um tiro no pé. E por um bom motivo: as redes sociais definitivamente se tornaram a grande matrix de informação sobre amigos, produtos de interesse, marcas, experiências de compras, entre outros. Na vida moderna, é impossível não viver conectado, mas é errado achar que as redes sociais são meros canais mídia, pois hoje elas ajudam na criação do valor da marca, aumentam vendas, reduzem custos e geram reputação. Contudo, para atingir tudo isto é necessário ficar antenado em métricas muito específicas como as métricas de mídia (alcance e freqüência da marca/ empresa), de redes sociais (audiência atrelada à interação), o indicador de reputação (“reputation share”) e taxa de engajamento (“engagement Rate”). “As empresas costumam encarar as redes sociais como um canal de mídia convencional, mas há uma série de medidas trabalhadas pela sociologia, por exemplo, que precisam ser consideradas, pois estão relacionas à audiência. Um bom trabalho contribui para uma reputação melhor e isto reduz não só custos, como vai trazer mais pessoas interessadas em conhecer e se envolver com a marca e a empresa. E esta reputação diminui os esforços para atrair o consumidor e fazê-lo adquirir ou levar seu produto e serviço para casa”, ressalta Marcelo Coutinho.
Então, não se pode julgar a eficiência de um trabalho por conta apenas das estratégias gerais e corriqueiras no mercado, pois o comportamento do consumidor está mudando e isto é mais do que visível em pesquisa realizada pela Le Fil com a Prime Brasil, apresentada no dia 08 de maio, realizado no Atlante Plaza, em Boa Viagem, no Recife, em mais um evento “Boas práticas corporativas nas mídias sociais”. O estudo desenvolvido com 400 internautas do Recife, Fortaleza e Salvador, utilizando uma metodologia aprovada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que revela os hábitos dos nordestinos nas redes sociais. “Todo planejamento tem uma premissa a de não trabalhar em cima de achismo. Então, entendemos que é necessário repensar a forma como se trabalha e trazer informações que auxiliem o conhecimento para o mercado, focado nas necessidades das empresas e dos colaboradores”, destaca a diretora de Operações da Le Fil, Rosário Pompéia.

O resultado deste estudo anual sobre as redes sociais apontou um quadro interessante e também bastante distinto entre os públicos das cidades do Recife/PE, Fortaleza/ CE e Salvador/ BA que é importante considerar. Por exemplo, revela que 96% das pessoas que estão conectadas à internet também estão ligadas nas redes sociais. O computador de mesa não é mais o meio principal de acesso, pois vem crescendo o uso dos Notebooks (26% para 42%) e celulares (de 11% para 18%) em Pernambuco e na Bahia (23%). Entre as mídias sociais mais acessadas o Facebook lidera o ranking com 91% (BA), 89% (CE) e 69% (PE), destacando-se que o Orkut ainda tem muito peso – 67% (BA), 64% (PE) e 52% (CE) – e o Youtube cresce progressivamente entre os pernambucanos 41% contra apenas 13% entre os baianos e 11% dos soteropolitanos. No quesito compras, observou-se que é grande a quantidade de consumidores que consultam a internet antes de fazer compras, com destaque para Salvador com 69%, Fortaleza com 54% e Recife que aumentou de 25% de 2011 para 52%. “A pesquisa vem para somar o trabalho de inovação com a realidade local. Sabemos que é comum se ter muitas ações focadas, mas que muitas vezes não interagem de fato com o público porque não se conhece as peculiaridades dele”, enfatiza Pompéia.
* Matéria produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Maio/ 2012, número 146.
