
Ser feliz – Uma tônica comum da época foi mostrar que ser feliz era tudo, especialmente ao acordar. E foi isso que a campanha criada pela Y&R fez no comercial Margarina All Day com o gospel “Oh Happy Day”, do compositor Edwin Hawkins. Com 30” de duração, colocar um garotinho preparando o café da manhã cantando alegremente a inspiradora música foi uma grande e inspiradora sacada. Com muita competência aquele jovem garoto-propaganda (interpretado pelo ator Wagner Santisteban, que integrou diversos projetos na televisão, teatro e cinema como “Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida”) contagia a todos e deu o pontapé em uma série de filmes publicitários estrelados por crianças.
Romantismo – Este período também foi marcado pelo romantismo. Uma série de propagandas tinham esta proposta em especial no segmento de chocolates, como o Sonho de Valsa (lançados em 1938) e que deu uma reviravolta forte em sua comunicação com a inspiração. Com a canção “My Romance” de Carly Simon, a DPZ criou uma série de propagandas para embalar o conceito da comunicação para os tradicionais bombons a partir do primeiro filme em que uma jovem recebe um chocolate com um bilhete de “Até um dia” no aeroporto até a chegada no seu destino final com a mensagem de que “o sonho não acabou. O sonho de Valsa é Lacta”. Este foi um dos Vts dirigidos por Fernando Ferreira Meirelles, cineasta, produtor e roteirista brasileiro que ganhou notoriedade internacional com filmes como Cidade de Deus (2002), O Jardineiro Fiel (2005) e Ensaio sobre a Cegueira (2008), por exemplo.
Além deste comercial, “My Romance” também foi tema do intitulado “Professora” (1991), que trabalhava o estereótipo de uma típica fantasia do imaginário adolescente do passado, mostrando o encanto de um aluno pela sua professora em uma sala de aula numa situação inusitada. Desconsiderando o “politicamente correto”, o romance foi construído e regado a muito chocolate e trouxe uma esta proposta que gerou vários filmes de 30¨, criados e produzidos na mesma linha. Essas propagandas foram embaladas por composições românticas de sucesso como “When I Fall in Love”, gravada por Doris Day em 1952, mas popularizada e imortalizada em 1956 por Nat King Cole. Esse hit compôs a trilha de “Telefone” em que o namorado liga para dizer a sua garota que não comparecerá ao encontro da noite com a música para depois surpreendê-la.
Divertido e simpático – O sistema financeiro brasileiro passava por muitas mudanças e para conquistar o público, o Bamerindus investiu em um princípio básico para reforçar os serviços da sua poupança com o cativante jingle: “O tempo passa, O tempo voa. E a poupança Bamerindus continua numa boa!”. Interpretado pelo grupo “Os três do Rio”, foi criado originalmente por Teresa Souza (letra) e Walter Santos (música), no início da década de 1970, e ao ser resgatado vinte anos depois contou com diversas peças idealizadas pela Colucci com criação de Fernando Rodrigues (hoje Diretor de Criação da DPZ), Milce Junqueira e Fernando Leite. Esses comerciais da Poupança Bamerindus com o mote “O Tempo Passa, O Tempo Voa” incorporaram várias personagens e aplicações divertidas e animadas como Jazz, Trio Nordestino, Bandinha, Tarantela, Cowboy, Barbeiro e Mexicanos. Mas, alguns deles ainda contaram com aparições especiais como o de sertanejo que tiveram a participação dos cantores Sérgio Reis e Almir Sater, além de um no estilo piano bar com a atriz Marisa Orth em um estilo de humor inigualável para a artista.
Este sucesso de comunicação da Bamerindus foi marcante e durou por um bom tempo até quando a rede bancária adotou o ator Toni Lopes. O barbudo garoto-propaganda, com aparência confiável, pegou carona no jingle para reforçar a credibilidade do banco, em alguns comerciais por anos a fio. E tornou-se a cara da poupança Bamerindus. Hoje HSBC, o Bamerindus não foi esquecido e todos lembram que “O tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus continua numa boa”. “Como sou músico nas horas vagas, me lembro de alguns hits que foram sucesso nas décadas de 90 e credenciaram anunciantes: A campanha de Guaraná Antárctica que propunha a combinação de pizza ou pipoca com guaraná foi memorável. Depois, como paranaense, me lembro da inesquecível série do HSBC (antigo Bamerindus) e seus músicos com a Poupança Bamerindus, dus-dus-dus. Por último, os filmes com os bichos de pelúcia da Parmalat. Eu sinto falta desses hits que vem da propaganda e ganham a boca dos consumidores e as ruas. Tomou?”, diz Fábio Meneghati, diretor geral de atendimento da Mood, para quem esses foram mais marcantes.
* Parte de matéria de capa produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Dezembro/ 2015, número 188

