Como escrito em “Sonhos”, primeiro grande sucesso de Peninha em 1977, “tudo foi apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo” e agora o popular Brasileiríssimos se destaca no mundo web como o maior projeto de valorização da cultura brasileira, através da música, em apenas quatro anos de atuação na rede. O trabalho, comandado pelos jovens Laryssa Trayce (19 anos), Josué Veloso (22 anos) e Thayze Lima (24 anos), dá voz a um segmento que ganha pouca voz no mundo online: a música brasileira.
Apesar da referência do grupo para simplificar como tudo aconteceu, este empreendimento com cerca de sete milhões de curtidas nasceu do amor, mas não como se imagina. Nasceu antes de mais nada para prestigiar a memória do avô de Laryssa que adorava MPB, através de uma fanpage que abrisse este espaço para se falar, curtir e desvendar novos destaques da cena nacional, que poderiam passar desapercebidos para a maioria dos internautas. “Depois que a Larissa teve o insight e criou a página, e aí eu entrei para proporcionar uma evolução na comunicação do Brasilieríssimos que deixou de ser uma página e se tornou um site. Em seguida criamos uma presença off com eventos com o aporte de Josué que integrou também a empreitada. E hoje somos três pessoas que comandam uma equipe focada no projeto, que está no ambiente on com o site e as redes sociais, além de off com realização e cobertura de eventos”, diz Lima, formada em rede de computadores e que responsável pela formatação tecnológica e de marketing do empreendimento.
Para fazer e acontecer, o Brasileiríssimos conta com um time de sete pessoas espalhadas pelo país trabalhando na redação web como editores chefes, que já detém um audacioso plano de expansão que envolve a criação futuramente de um canal de tv, integrado ao site e numa tv fechada. “Quando tivermos condições financeiras adequadas iremos alcançar este projeto maior. Já tivemos esta proposta, porém, ainda não tínhamos os recursos para isso. Por isso, deixamos a tv um pouquinho de stand by”, comenta Thayze, que assume ser assustar os caminhos desta empreitada. Afinal, este filho bem sucedido foi parido pela Laryssa Trayce em seus meros 17 anos, e com a clareza de sua importância hoje todos se sentem um pouco assustados com o alcance e o peso que o projeto detém atualmente. Contudo, não deixam que o desafios apaguem a harmonia do Brasileiríssimos que atendem aos anseios do público (que varia de 18 a 24 anos), sedento por boa música e brasileira. “Nunca pensamos que teríamos empresas grandes nos procurando ou pessoas pelas quais nós mesmos temos admiração no meio cultural brasileiro, que chegam para dizer ‘Olha eu sou fã do trabalho de vocês, como Lenine e tantos outros artistas”, ressalta ela, que afirma ser bastante recompensador.
Empreitada online nascida em Pernambuco dá voz a uma geração que curte boa música. E não é a toa que o Brasileirísssimos (http://brasileirissimos.xpg.uol.com.br/) registra em tão pouco tempo um volume incrível de seguidores e de fãs, naturalmente. Em suas mídias sociais, o empreendimento digital já apresenta 326 milhões de followers no Instagram, 79,4 mil seguidores no Twitter e 4.364 inscritos com um total de 118.891 visualizações no canal Youtube. Em todas essas redes, quem segue o portal tem a oportunidade de acompanhar diversos conteúdos como entrevistas, artigos e matérias que mostram antes de tudo o crescimento cada vez maior da paixão do brasileiro pela música nacional e especialmente da cena independente, que trafega ainda fora do mainstream. “Quem entra no nosso site, lê matérias sobre as bandas e informações sobre algo novo que se diferencie do que está no mercado hoje, pois ele não dá visibilidade igualitária. O mercado ainda está muito fechado em grupos e tudo acaba girando muito em cima de artistas que tem uma longa trajetória na industria, ou naqueles que de alguma forma são apadrinhados com esses artistas já consagrados”, ressalta com franqueza Lima.
Mais do que um empreendimento digital, os Brasileiríssimos tem mantido um papel fundamental como formadores culturais no que diz respeito à música, uma função que os orgulha. Desvendar e apresentar o trabalho desses novos expoentes é uma das grandes realizações do grupo, que contribuiu para estourar nas redes nomes como o de Liniker, nome artístico de Liniker de Barros Ferreira Campos. Despontando com um trabalho autoral que traduz a blackmusic e o soul para uma linguagem contemporânea brasileira, o músico tem ajudado a projetar cada vez mais a música independente nacional, com sua voz doce e instigante, e ainda contribuído para quebrar tabus. “Umas das colaboradoras nacionais do Brasileiríssimos nos procurou dizendo que tinha esse moço fazendo um trabalho ótimo e dizendo para pararmos para escutar. Nós paramos para escutar e vimos que ele era muito bom. Com isso, resolvemos divulgá-los para as cinco milhões de pessoas que nos seguiam. Divulgamos e ele estourou lá na página”, lembra Lima, que menciona outros destaques importantes a serem observados: Cícero, Ana Vitória, entre outros.
O Brasileiríssimos buscam lançar artistas dos mais diversos gêneros (MPB, hip hop, samba e tantos outros) que possam ser desbravados para que as pessoas possam tirar suas próprias conclusões sobre seus trabalhos. Tudo isso em um processo de trabalho minucioso de garimpagem, pesquisa e análise que envolvem todos da equipe, a partir do ponto inicial com reuniões online, semanal da equipe, três dias antes das postagens para definição das pautas. Depois, cada um assume sua responsabilidade no projeto mantendo não só o site atualizado como ainda as demais redes repletos de conteúdos específicos para o formato para se comunicar com o público. “Atualmente, nossa persona representa em sua maioria mulheres, na verdade 75% da nossa audiência são mulheres. Nosso público está se concentrado no Sul e no Sudeste, e o foco maior é em São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. São pessoas que ainda estão na faculdade, ou estão saindo da faculdade e entrando no mercado de trabalho. Eles têm muita curiosidade em saber o que está acontecendo e estão envolvidos em causas sociais, além de estarem constantemente preocupados em como podem contribuir para melhorar o cenário ao seu redor e no país. E outra característica de nossos fãs é que eles são engraçados, tem uma interatividade muito grande e são muito curiosos, e prezam pelas coisas”, esclarece.
Além da atuação no meio online, o grupo tem apostado ainda mais na proposta dos projetos offline. Neste sentido, já desenvolveram dois tipos de eventos: um de inclusão e outro de socialização. A proposta de Inclusão envolve mostras culturais como a que fizeram recentemente no Recife, no qual pegam o cenário local e realizam uma programação que mostra que dentro daquela cidade tem essas bandas que são legais motivando assim o público a parar, ouvi-las, conhecê-las melhor e passar a valorizá-las. Já a ideia da iniciativa social representa uma ação realizada em Belo Horizonte em que pegam uma boa nacional de grande porte, mas abaixo dela incluímos na programação outras da cena local para serem valorizadas a partir da vinculação com a atração chamariz do evento. “Dentro da proposta de inclusão, por exemplo, vemos que o Recife tem muitas bandas que tem uma bagagem boa, mas muita gente não conhece ainda porque trafegam mais no universo independente, uma vez que o quadro de acesso às rádios ainda é muito fechado. E buscamos ajudá-las neste processo de conhecimento e reconhecimento pelo público”, diz a blogueira.
Destacando o diferencial: “Quanto a social, promovemos antes de tudo esse intercâmbio entre as bandas até mesmo para que o pessoal da região as conheçam mesmo. E isso nunca deixará de acontecer pois esta é a nossa proposta base: mostrar o cenário local e quem atua na cena independente. Seja no Recife, Belo Horizonte, São Paulo, ou onde for, vamos proporciona o espaço que a mídia brasileira ainda não dar para que elas cresçam no meio musical”, enfatiza Thayze, que adianta que o futuro do Brasileiríssimos é bastante promissor. Entre as providências dos empreendedores está a formação de escritório no Recife para congregar toda a equipe em um único espaço físico, para ver até onde tudo isso poderá chegar.
* Matéria produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Março/ 2016, número 191
