Publicitário, designer e gráfico é assim que se define Alfredo Galamba idealizador e comandante da ExpoLAB – Escola de Economia Criativa, em pleno Polo Digital, no Bairro do Recife, em Pernambuco. Com duas décadas de atuação na comunicação, este especialista aproveitou o seu know-how em tantas áreas para enveredar das salas de criação e produção para outro importante lado do mercado, que é a formação profissional. Tudo pelo sonho de empreender e capitanear o seu próprio barco, seguindo seus próprios princípios de desenvolvimento nos setores que domina e que acredita necessitarem de novos olhares. “Não é fácil empreender por que você começa do zero. Eu costumo fazer uma analogia com um pé de manga. Você tem que plantar e escolher a melhor semente, ou seja, o melhor produto. Ainda tem que perceber o melhor local em que você vai se instalar, fisicamente, e o húmus. Você tem que aguar constantemente e avaliar as ameaças externas, as ervas daninhas, que são as concorrências. E esperar para ter a melhor manga, o que só acontece com dois ou três anos. E hoje eu já estou colhendo os frutos”, diz orgulhoso pelo trabalho que vem desenvolvendo em gestão de cursos há dois anos com a sua Expolab.
Lecionando desde 2006, segue uma trajetória no universo da educação profissionalizante que já chega aproximadamente há uma década com a preocupação na qualificação em diversos setores na região. “Minha cozinha veio de gráfica, e foi por aí que comecei na computação gráfica. São vinte e um anos de mercado em publicidade, gráfica e design e os últimos quase nove anos trabalhando diretamente com gestão de cursos de extensão. Em 2007 a 2013, eu trabalhei no CTG (Centro de Treinamento da Escola Dom Bosco), onde tive momentos maravilhosos, com seis anos de laboratório. E ao sair de lá, analisando erros e acertos, ajustei a proposta e abri a Expolab com o meu sócio Rogério Robalinho (empreendedor e diretor da pernambucana Cia. de Eventos)”, relembra.
Atuar durante esses seis anos no núcleo da escola foi uma conquista com muito orgulho por te contribuído para a constituição de um pool de cursos de comunicação dentro da grade técnica da entidade que abraçou por tanto tempo. E hoje a frente da Expolab, o seu compromisso permanece com afinco, afinal, tem como missão fazer a diferença através do repasse de expertise de mercado e conhecimento técnico, seja através dos cursos oferecidos ou das consultorias realizadas em sua Escola de Economia Criativa. “Para mim, a Expolab é um filho e eu trato com o maior cuidado e isso ocupa muito tempo, mas de uma forma proativa. É o que me dá brilho nos olhos. Então, o contato com o mercado hoje é através de consultorias, o que provoca até uma ótima reciclagem”, diz Galamba, ou Feféu, para os amigos.
Por isso, todos os cursos são voltados especificamente para o mercado, agregando-se à sua preocupação de qualificação e formação profissional de um público pulverizado em todo Grande Recife, em algumas praças do agreste e até fora do Estado. E, desta forma, já vem fazendo articulações para realização de projetos relacionados dentro de um plano de expansão que já está tocando neste 2015. “Temos planos de ações pontuais em outras cidades como Caruaru, João Pessoa e começamos a gravar o nosso Ensino à Distância. Mas, até o final do ano, estaremos lançando junto com outras instituições de ensino superior cinco especializações, uma vez que somos uma escola de ensino de extensão, que terão a chancela Expolab”, adianta.
Essa sacada envolve conhecimento em universos que estão crescendo cada vez mais no cenário pernambucano e nordestino com ênfase especificamente em Marketing Digital, Gestão em Economia Criativa – cultura e inovação, Sound Desgin, Gestão em artes gráficas e Animação | 3D. E isso casa inclusive com a demanda e com a própria marca Expolab de estar sempre atenta ao que o mercado quer, e com a preocupação de manter uma relação respeitosa com os docentes, que parceiros, e ter em sua grade de professores que são também profissionais atuantes. É com esta visão que vem afinando relações preciosas no próprio polo em que reside e nas áreas em que atua através da Escola de Economia Criativa, acreditando que o desenvolvimento é constante e progressivo.
“Temos players maravilhosos aqui no Nordeste e em Pernambuco que reforçam cada vez mais o nosso potencial no cenário nacional e global. Temos pessoas e gestores que estão trabalhando aqui e que poderiam estar em outros polos mundiais, como o Vale do Silício. Mas estão aqui por acreditarem que muito ainda está para se desenvolver em virtude de muitos esforços de várias partes. Apesar disso tudo, temos que ter uma maior conexão da tríplice aliança que se chama academia, mercado privado e governança pública. Ela já existe, naturalmente. Mas vemos que, aonde há um fomento maior e constância desta tríplice aliança no mundo, esta coisa flui cada vez mais. E isso é importante no quadro geral, afinal, estamos falando de um cenário como o do Porto Digital, que apenas em 2012 faturou R$ 1 bilhão, não enquanto associação ou condomínio, mas as empresas que estão embarcadas neste cluster. Este é um número muito representativo. Então, cada vez mais empresas que se alinham e que entram em nossa corda de caranguejo (fazendo uma alusão ao nosso querido Chico Science), tendem a se fomentar”, enfatiza.
Ampliando horizontes – Essa fomentação já acontece em certa escala até mesmo porque Recife está também no centro da Economia Criativa e tem rendido cifras expressivas, assim como uma nova realidade na área da criação e inovação. Uma realidade que também tem beneficiado o mercado de comunicação, e mais especificamente o de publicidade que tem tentado aproveitar a crise do país com ideias inovadoras e com uma movimentação diferenciada, para superar os desafios do momento. “Já virou clichê dizer que a crise é um momento de oportunidade, que é uma grande verdade. E, por conta disso, estamos passando por um momento de ressignificação. E o profissional de publicidade e de design, assim como qualquer outro, precisa passar por alguma ou algumas capacitações para aprender a inovar neste momento, a pensar fora da caixa. O que você pode fazer, e que você faz muito bem mas continuando a ter amplitude e aumento de público? Esta é uma preocupação, por exemplo, que nós enquanto Expolab temos para vivenciar este momento como uma circunstância de aprendizagem e de oportunidade”, diz.
Podemos dizer então que empreender e inovar estão assim muito interligados, e naturalmente o conhecimento empírico é importante, mas o científico e o técnico que desenvolvemos através dos investimentos preparatórios se tornaram um divisor de águas. E neste sentido, na opinião de Galamba, nesta época, não basta mais ter um diploma ou boas ideias no processo de carreira. É preciso estar antes de tudo preparado para desenvolver um bom trabalho, para inovar e empreender em um cenário tão competitivo. “Minha mãe dizia que, na década de 70, para ser uma ótima secretária, uma datilógrafa, tinha que ter o curso de datilografia. E, na década seguinte, com uma demanda maior de empresas, surgiu um foco maior em especializações. Com isso, houve uma entrada maior no que diz respeito ao ensino superior. Hoje, quem não o tem, realmente é alguém que está aquém do mercado. As especializações são hoje cada vez mais necessárias, assim como são também os cursos de extensão”, comenta Alfredo pela sua experiência e pelo que tem acompanhado.
Diante disso, temos um cenário totalmente novo em comparação há 20 e 10 anos atrás, em que tudo é possível para a formação de um profissional, com algumas exceções para determinadas áreas em que são necessários alguns pré-requisitos, como no caso de game design. E acompanhamos uma nova geração com disposição e conhecimentos até autodidatas para poder explorar estas possibilidades da melhor forma possível, de acordo com este especialista que transformou a licenciatura em uma vocação pessoal. “Essa nova tecnologia que tem chegado onde tudo está em lugares cada vez menores, favorece um mundo novo, especialmente para esta geração, como no caso dos smartphones que hoje deixaram de ser celular. Então, com isso, se liga menos, contudo, se fala mais, através de videoconferências, aplicativos de voz, por exemplo. Contudo, temos uma geração em que encontramos áreas nas quais não se faz entregas, como em alguns casos relacionados à Economia Criativa. Elas envolvem profissionais que são autodidatas e impulsionados pelo tesão no que fazem, mas que ainda tem muito a crescer em termos de maturidade profissional. Ele é um profissional do mercado, mas não pode ser tutelado. E isto porque, em certa medida, falta um planejamento para finalizar dentro de um deadline específico que atenda a demanda solicitada. Tem que planejar, iniciar, dar continuidade e terminar um processo”, em sua opinião.
Acompanhando de perto este público, seja por conta das próprias atividades da Expolab (que concentra em sua maioria estudantes universitários) ou nas relações com o próprio mercado, ele vem notando dificuldades na criação de um plano de trabalho completo (com diagnóstico, desenvolvimento, execução e execução do projeto). Contudo, percebe que há para alguns certo desprendimento nesse aspecto, mesmo aqueles que ainda precisam ser tutelados por serem ainda jovens demais ou por irem atrás de canhões na cena empresarial e profissional, em virtude do autodidatismo. “Não estou generalizando. Mas, a meu ver, falta um pouco de plano de trabalho. É preciso ter um planejamento, um fluxo de trabalho, e entender que o meu cliente ou o meu fornecedor terá problemas, se não for entregue. Isso tem implicações, inclusive, judiciais para mim. Então, tem que se trazer muito disso para esse público. Eu tenho notado que, com o público da economia criativa, existe o compromisso de fazer, mas fica-se analisando e desenvolvendo tanto o projeto, lambendo a cria, que acaba não se fazendo a entrega do que foi negociado. E isso é um gargalo dessa geração”, acredita.
Foram traçados tantos perfis dessa nova geração profissional que está configurando o mercado, e dentro deste cenário muita coisa está evoluindo, especialmente no que diz respeito a consumo e consumo online. Afinal, eles nasceram e cresceram dentro da bolha digital e estão mais envolvidos com a economia online e, por isso, a comunicação e a educação têm que se adequar a este público. “Temos que lembrar que a educação sempre esteve em transição. Existem modelos estagnados porque os governos estagnam. Mas, sempre existiu transição na educação. Ela nunca foi estanque. Sempre foi e será experimentação. Isso é o que eu acredito. E hoje através de coisas que observo, em vários ambientes, além deste da Expolab, está se trabalhando e se ensinando muito em cima de cases, sejam de sucesso ou de insucesso, na qual se ensina a conceitualização por meio da aplicabilidade. É assim que tem sido para quem está a um passo a frente ou detém um modus operante de sucesso”, pelo que vem observando.
Acreditando que educação não pode ser imposta e que tem gerar encantamento, Alfredo Galamba tem deixado sua própria marca para uma nova geração, através dos seus projetos e da Expolab. Um projeto pessoal que chegará até 2016 com novos cursos de extensão, propostas de formação para profissionais e parcerias de peso que prometem agregar o plano de ampliar a visão do ensino profissional para outro patamar na região.
* Matéria produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Agosto/ 2015, número 184
